O objetivo deste artigo é apresentar o caráter dissidente promovido pelas performatividades ambíguas de pessoas LGBT enquanto experiências contra a ordem urbanística ao longo de suas passagens e transitoriedades corporais e ocupacionais em Berlim (Alemanha). Assim, com base nas minhas vivências no espaço organizado desta metrópole durante estadias em 2016 e 2019, relato algumas experiências errantes entre diferentes lugares: em pontos de encontro entre quadras, na estação de metrô e em área pública e arborizada do Tiergarten. No referencial teórico e metodológico, baseio-me nos conceitos de errância e deriva, a partir de Paola Jacques e Francesco Careri, além da noção de passagens e transitoriedades, a partir de Walter Benjamin e Michel de Certeau. Enfim, com este relato espero discorrer sobre possíveis experiências do devir queer, enquanto desconstrução efêmera da condição cis-heteronormativa para conceber novas estéticas de existência e desvios na cidade contemporânea.