O presente trabalho apresenta uma análise do funk e do discurso utilizado por Linn da Quebrada, moradora de uma comunidade da Zona Leste da cidade de São Paulo. Em suas palavras, ela se identifica como “uma bixa, transviada, uma bixa travesti, periférica, preta que está experimentando o corpo e está se jogando”. A metodologia utilizada é a etnografia virtual, através de videoclipes e entrevistas da cantora disponíveis em diferentes canais na plataforma do YouTube. O referencial teórico é, principalmente, o pós-estruturalista, com ênfase na perspectiva queer. Considerando a forma como Linn da Quebrada refere-se ao seu próprio corpo e identidade, percebe-se a priore que ela parece apresentar uma dissidência dentro da dissidência por não ser cisgênera e também borrar o que se entende por ser travesti, contudo, essa ideia é problematizada devido ao fato de em alguns momentos borrar a norma, mas, em outros, reiterá-la. Sua experiência de identificação parece ser como a de um elemento que não cabe em nenhuma categoria, mas que se apossa das que foram designadas e as subverte, contestando e apresentando novas possibilidades, novos processos de inteligibilidade/reconhecimento.