A recente crise econômica brasileira impactou a capacidade de financiamento da União, Estados e Municípios coroando uma década de incapacidade do setor público de alcançar o equilíbrio fiscal (2011-2020). A literatura se debruçou sobre diversas causas do fenômeno do desequilíbrio fiscal apontando para questões econômicas, institucionais e políticas, principalmente. Contudo, ainda é preciso compreender, sob a perspectiva da teoria organizacional, como medidas que aprofundam a crise fiscal tomam lugar em uma burocracia especializada, cônscia dos aspectos técnicos e capaz de antever suas consequências. Este artigo promove uma análise do modelo organizacional burocrático sob a perspectiva filosófica arendtiana de banalidade do mal, tendo o caso de Minas Gerais como pano de fundo. O aporte filosófico permite concluir que o tipo de organização burocrático-weberiana mostra sinais de desgaste frente aos desafios da contemporaneidade. Ao revisitar seus fundamentos teóricos, o paradigma pós-burocrático apresenta modelos que potencializam a atuação do corpo técnico estatal permitindo-lhe maior autonomia. A nova modelagem organizacional pode contribuir para a reconfiguração do quadro decisório, incluindo o corpo técnico estatal como mais um agente neste contexto. A limitação do escopo deste trabalho é convidativa para estudos futuros, permitindo comparações e aprofundamentos capazes de contribuir com o debate sobre o modelo pós-burocrático.