Impacto da pandemia de Covid-19 no atendimento ao paciente com hanseníase: estudo avaliativo sob a ótica do profissional de saúde

Abstract

Este estudo objetivou analisar o impacto da pandemia de Covid-19 no atendimento em hanseníase sob a ótica do profissional de saúde. Trata-se de um estudo de avaliação de serviços, transversal, descritivo, através de questionário impresso, destinado a profissionais de saúde médicos, enfermeiros e fisioterapeutas. O estudo foi realizado com 17 profissionais de saúde, sendo 7 enfermeiros, 7 médicos e 3 fisioterapeutas pertencentes a 7 unidades de saúde da atenção primária em um município paraense. Observou-se que apenas 24% dos profissionais entrevistados passaram por remanejamento de setor, 82% dos profissionais afirmaram que houve mudanças no perfil de atendimento das unidades de saúde, houve necessidade de reagendamentos de atendimentos para os pacientes, 88% dos profissionais passaram por rodízio de atividades, 47% afirmaram que houve falta de medicamentos para o tratamento da hanseníase nas unidades em que eles atuam, 53% afirmaram que não houve falta de materiais para o cuidado do paciente com hanseníase, houve dificuldades no agendamento de exames laboratoriais, na avaliação de contatos domiciliares e sociais e na referência e contrarreferência dos pacientes. A partir destes dados conclui-se que a pandemia de Covid-19 criou dificuldades para o atendimento e tratamento do paciente com hanseníase nas unidades de saúde da atenção primária em saúde participantes, gerando atrasos em agendamentos, remarcações de consultas, prorrogações de tratamento devido à falta de medicação, dificuldades na avaliação de contatos e busca ativa de novos casos, contribuindo para gerar um impacto negativo no programa e consequentemente no sistema de saúde.

Epidemiological profile of leprosy in the elderly in a microregion, state and northeast region from 2012-2021

“…The number of treatments that were ignored, in turn, occupied 305 cases, 0.8% of the total. The years 2020 and 2021 had the lowest number of reported cases and the highest number of ignored treatments, with 1.4% and 2.8%, respectively, in relation to the total number of the respective years (Table 3), data that may be related to the beginning of the pandemic of COVID-19 in Brazil, which caused and still is causing changes in the health scenario and, although it was a time of increased demands for care, it was also a difficult time for leprosy evaluations as well as other diseases (Mendonça et al, 2022). The number of treatments performed was about 99.1% of the total cases, which shows good efficacy in the overall uptake.…”

Impacto da pandemia de COVID-19 no cuidado continuado da hanseníase: uma revisão integrativa

“…Ao serem questionados, diversos profissionais de saúde do interior do Pará responderam que houve necessidade de reagendamentos para os pacientes com a doença e quase metade dos enfermeiros, médicos e fisioterapeutas queixou-se de falta de medicamentos antihansênicos nas Unidades Básicas de Saúde. Esses problemas também foram acompanhados do relato de que houve grande dificuldade no manejo dos exames laboratoriais desses pacientes, que são de extrema importância para um melhor prognóstico do doente, além de uma falha na avaliação dos contatos domiciliares e sociais dos pacientes portadores do bacilo (Mendonça et al, 2022). Além disso, houve aumento do número de mortes intra-domiciliares, de um modo geral, associando-se à concentração de casos graves do bacilo em pessoas com baixa escolaridade (Pernambuco et al, 2022).…”

Perfil Epidemiológico dos casos de hanseníase em São Luís-MA entre 2018 e 2021

“…As dificuldades estabelecidas pela pandemia da Covid-19 possivelmente agravou a invisibilidade de pessoas diagnosticadas com hanseníase, tornando-se uma doença negligenciada. Durante a fase de pico do novo vírus, em 2020, houve atrasos no diagnóstico da doença, visto que muitos usuários evitaram procurar postos de saúde como forma de evitar a contaminação, seguindo as medidas de isolamento e distanciamento social (Mendonça et al, 2022).…”

“…As atividades de mobilização comunitária, debates com a comunidade, inspeção e exames físicos foram limitadas devido as novas recomendações de inibir a disseminação do vírus. A dificuldade gerada no atendimento a outros tipos de doenças esteve atralada ao redirecionamento do fluxo de atendimento à covid-19, deixando a mercê os casos de hanseníase (Mendonça et al, 2022).…”