[pt] O artigo analisa a participação da zoóloga alemã Emília Snethlage (1868-1929), pesquisadora e depois diretora do Museu Goeldi, em Belém, Brasil, na rede de conhecimento que se estabeleceu no início do século XX na região amazônica, destinada à investigação etnológica e à coleta de artefatos indígenas, e que teve, entre seus mais conhecidos atores, os alemães Theodor Koch-Grünberg (1872-1924) e Curt Nimuendajú (1883-1945). Ambos são reconhecidos pelo trabalho em prol dos povos indígenas do Brasil e pelo legado científico nos campos da antropologia, arqueologia e linguística. Menos conhecida, Snethlage teve, entretanto, decisiva participação na inserção de Nimuendajú no meio científico. A partir de uma extensa pesquisa em fontes documentais localizadas no Brasil e na Alemanha, demonstra-se que, no primeiro período em que Nimuendajú esteve vinculado ao Museu Goeldi, entre 1913 e 1921, Snethlage viabilizou suas primeiras expedições e publicações científicas, além de articular suas relações com museus e etnólogos alemães, incluindo aquele que viria a ser seu dileto amigo e interlocutor, Koch-Grünberg, de maneira a lhe permitir trabalhar também como coletor profissional.