Até o início do século XXI as características do vento para fins de projeto estrutural estiveram baseadas em modelos do comportamento das correntes de ar próximas à superfície do solo, observadas nos denominados eventos sinópticos. Porém, estes não são os únicos tipos de vento que provocam dano e até destruição completa de construções, o que exige que as normas e critérios de projeto de estruturas submetidas à ação do vento sejam atualizados com urgência, para incorporar os avanços atingidos na Engenharia do Vento nas últimas décadas. O trabalho descreve sucintamente os fenômenos meteorológicos que causam ventos extremos na camada superficial e merecem tratamento específico em futuras revisões das normas, assim como a evidência já disponível na literatura técnica sobre a distribuição de probabilidade das velocidades máximas anuais dos tipos de vento relevantes. Também é sugerido um modelo simplificado para a determinação dos efeitos nas construções, em geral, do vento ocasionado por correntes descendentes, até o momento não considerado por normas de projeto estrutural no continente sul americano.
KeyWords: Ação do Vento, Projeto Estrutural, Ventos Sinópticos, Correntes Descendentes, Risco, Probabilidade de Ocorrência.
INTRODUÇÃOA ação do vento constitui um fator de fundamental importância no projeto de estruturas, especialmente em caso de construções altas e esbeltas e/ou muito leves. A maioria dos códigos de projeto estrutural admite que, em terreno horizontal e plano, o vetor da velocidade média do vento incidente está orientado em direção paralela ao solo. O modelo que justifica dita hipótese é válido no caso do denominado vento sinóptico, causado pelo fenômeno meteorológico mais frequente em regiões temperadas, isto é, por Tormentas Extra-Tropicais, também denominadas Sistemas Extensos de Pressão ou eventos EPS (Extended Pressure Systems) ou por Tormentas Tropicais, (Hurricanes ou Typhoons quando originadas Oceano Pacífico).Por outro lado, por razões que serão explicadas posteriormente, efeitos do vento associado às denominadas correntes descendentes, típicas de tormentas elétricas em eventos TS (thunder storm) ou à combinação das primeiras com eventos EPS nas denominadas linhas de instabilidade (squall lines), não foram até agora considerados em normas de projeto estrutural na América do Sul. É pertinente