Este artigo propõe uma reflexão sobre fotografia, paisagem e Antropoceno através da análise da série Deserto Vermelho (2016) de Bruno Veiga, artista visual brasileiro que elaborou em imagens o desastre socioambiental em Mariana (Minas Gerais/BR) ocorrido em 5 de novembro de 2015. O desastre foi ocasionado pelo rompimento da Barragem do Fundão, que liberou uma imensa onda de barro com resíduos tóxicos de mineração inundando o Rio Doce, mantando todos os peixes e deixando sem água várias vilas e cidades ao longo das dezenas de quilômetros de seu percurso até chegar ao Oceano Atlântico. Este trabalho artístico contribue para a reflexão sobre o tempo presente e sobre a tensão escatológica que caracteriza as preocupações ligadas ao Antropoceno, bem como constitui-se em uma forma imagética crítica de pensar sobre atual crise socioambiental e civilizacional que nos obriga a repensar o nosso lugar em relação ao futuro da vida no planeta.