O movimento transitório de pessoas em espaços fronteiriços permite a partilha de relações e inserções das nacionalidades envolvidas. Na fronteira Brasil-Bolívia verifica-se um número expressivo de estudantes que moram no país boliviano cruzarem a fronteira para estudar em escolas brasileiras. A partir dessa realidade, o presente estudo teve como objetivos: investigar as fronteiras para a inserção de alunos residentes na Bolívia, em Escolas do Campo da Rede Municipal de Ensino do município de Corumbá, partindo da percepção dos gestores escolares e professores, bem como, as fronteiras presentes no currículo escolar ao considerar a diversidade sociocultural dos estudantes e o atendimento antes e durante a pandemia por COVID-19. O lócus da pesquisa foi uma escola do campo, localizada próximo a linha de fronteira, que recebe anualmente um número significativo de estudantes vindos da Bolívia. Dentre os procedimentos metodológicos, utilizou-se de pesquisa bibliográfica, documental e de campo (coleta de dados realizada através de entrevista, com gestores e professores, que estão em contato com os alunos bolivianos). Diante dos dados elencados, constatou-se dificuldades existentes no âmbito educacional em torno da fronteira linguística, e que tornou-se mais significativa a partir da nova realidade educacional estabelecida a partir da pandemia por Covid-19. Mas, apesar das perdas educacionais, econômicas, relacionais e, principalmente de vidas humanas ceifadas, houveram superações, mesmo que tímidas, na educação escolar do campo, sendo entretanto essencial que essas escolas sejam compreendidas e atendidas de acordo com as pluralidades espaciais e culturais em que estão alicerçadas.