Este artigo parte de uma pesquisa em andamento pelo programa Eicos - Psicossociologia das Comunidades e Ecologia Social da UFRJ, integrada ao grupo Psyccon (Processos Comunicativos Psicossociais de Consumo e Comunicação), e propõe a ideia de que as disseminações da sociedade e da cultura do consumo podem se configurar como significativos mecanismos contemporâneos de colonização das diferentes populações indígenas, não apenas pela invasão e exploração de setores produtivos em seus territórios, mas também pela noopolítica, dirigida ao consumo, associada às próprias ofertas de produtos industrializados, capazes de produzir transformações em seus modos de vida, subjetividades, relações sociais, rituais cotidianos e paisagens. Explorando a fricção entre culturas, mundos e cosmovisões distintas, a narrativa segue os rastros impressos pelo consumo, por meio de uma abordagem centrada na ação, na agência e na mediação exercida pela arte indígena contemporânea. O cenário do artigo abrange questões sobre o Antropoceno, uma era presente de catástrofes ambientais e sanitárias, e também aborda a obliteração sistemática dos saberes e práticas das populações indígenas. Todavia, encontra indícios de resistência a essa invasão subjetiva e mesmo territorial na criação de universos singulares, que se inscrevem nas artes, na espiritualidade e em manifestações políticas cada dia mais frequentes e potentes.