Este texto apresenta de um questionário construído em colaboração com o Comando Metropolitano do Porto, que intervém numa comunidade urbana problemática, situada na freguesia da Sé, Porto. Subjacente à construção do questionário para levantamento de Diagnósticos Locais de Segurança (DLS), segundo as diretrizes ministeriais nacionais, esteve a necessidade de, naquela comunidade urbana, se caracterizar o sentimento de (in)segurança dos moradores nas suas componentes objetiva e subjetiva. O instrumento, cuja versão final é composta por cinco secções, foi administrado a uma amostra de 244 indivíduos de ambos os sexos, residentes, trabalhadores ou estudantes naquela região e com idades entre os 16 e os 82 anos. O estudo transversal e descritivo revelou o predomínio de uma perceção de segurança, não obstante a noção de aumento da criminalidade. O tráfico de drogas surgiu como crime mais frequente, e os mais temidos foram furto/roubo, assalto a residência e tráfico de drogas. O desemprego e os problemas económicos foram percebidos como causas para o aumento da criminalidade. A reabilitação urbana e o aumento de policiamento foram medidas sugeridas para aumentar a segurança. Estes e outros resultados reforçam a importância de diagnósticos locais de segurança, para a elaboração de estratégias preventivas adequadas a cada comunidade específica.
Palavras-chave:Criminalidade, Diagnóstico local de segurança, Inquérito.
INTRODUÇÃOA participação ativa das populações na vida da comunidade a que pertencem revela-se de extrema importância para o exercício da cidadania e para promover a estruturação da segurança local (Silva, 2010). Então, pode afirmar-se que é esperada uma atitude diferente por parte dos cidadãos, bem como por parte dos agentes de manutenção da ordem, num registo em que devem ser trabalhados os comportamentos das pessoas e em que a atuação das forças de segurança deve basear-se em análises científicas, especificamente da área das Ciências Humanas e Sociais.Evidentemente, as questões associadas à segurança requerem a adoção de um novo papel a desempenhar pelas instâncias de controlo social formal, num contexto social de conflito e em que se encontram diversos interesses em jogo (Santos, 2005). No caso de Portugal, parece ter-se instalado uma barreira entre o quadro legal e as dinâmicas sociais, num regime de funcionamento que reflete o clima de desconfiança em relação às instituições e à sua forma de atuação. Acresce ainda a predominante e generalizada sensação de inutilidade em apelar às instâncias de controlo social formal, havendo, por parte das populações, um sentimento de incapacidade em fazer valer os seus direitos (Silva, 2010). Ora, tudo parece indicar que é precisamente aqui que reside o importante papel da Psicologia, enquanto ciência que se dedica ao estudo do comportamento das A correspondência relativa a este artigo deverá ser enviada para: Ana Isabel Sani, Universidade Fernando Pessoa, Praça 9 de