O projeto buscou identificar por meio de estudo soroepidemiológico a prevalência da infecção pelos vírus das hepatites B e C e a situação imunológica para o vírus da hepatite B, em população afrodescendente das comunidades Santo Estevão, São Rosário e Sítio Itaussu, de município da Amazônia oriental brasileira, Pará, Brasil. Estudo descritivo, de corte transversal realizado entre 2020 e 2022 que avaliou amostras de soro e dados epidemiológicos de afrodescendentes, obtidas em projeto anteriormente desenvolvido nessas comunidades sobre as hepatites A e E, armazenadas no biorrepositório de instituto de pesquisa da Amazônia. Foram testados os marcadores HBsAg, anti-HBc total, anti-HBs e anti-VHC, por técnica de eletroquimioluminescência. Entre as 318 amostras analisadas, 50,9% eram mulheres, a média de idade era de 25,3±18,9 anos (variação de 8 meses a 97 anos) e mediana de 20 anos, e a maior frequência (53,8%) estava na Comunidade São Rosário. Não foram detectados resultados reagentes para o HBsAg significando ausência de portadores do VHB; 0,6% eram anti-HBc/anti-HBs reagentes, indicando infecção pregressa pelo VHB; 0,6% anti-HBc reagente isolado, expressando infecção recente ou pregressa pelo vírus; 26,7% anti-HBs reagente isolado, indicando imunidade obtida por vacina, estando suscetíveis ao VHB 72% das amostras avaliadas. Não foram encontrados resultados anti-VHC reagentes. A ausência de casos ativos das hepatites B e C indicou baixa prevalência desses agravos, entretanto mostrou a baixa imunidade produzida pela infecção e pela vacinação contra o VHB nessa população, traduzida pelo elevado número de suscetíveis ao vírus. O estudo contribuiu no suporte às autoridades de saúde do município do Acará em sua programação de promoção e prevenção à saúde para redução do número de suscetíveis e da transmissão dessas infecções nessa população quilombola.