Não há certeza se a obesidade está associada de maneira independente a maior massa ventricular na doença renal crônica (DRC) ou se essa associação depende da elevação da pressão arterial. Nenhum estudo avaliou esse objeto por meio da pressão arterial ambulatorial. Este estudo tem como objetivo investigar se a associação entre o índice de massa corporal e a massa do ventrículo esquerdo é independente dos valores ambulatoriais da pressão arterial na DRC não dialítica. Métodos: Neste estudo observacional transversal, 154 pacientes com DRC não dialítica foram avaliados quanto ao índice de massa corporal (IMC), idade, sexo, etnia, creatinina, pressão arterial ambulatorial, taxa de filtração glomerular e índice de massa do ventrículo esquerdo (IMVE) por ecocardiografia. Resultados: A idade dos pacientes foi de 62 ± 14,8 anos, 83 homens (54%) e 149 brancos. Em um modelo múltiplo ajustado para pressão arterial sistólica (PAS) ambulatorial e taxa de filtração glomerular, foi observada associação positiva entre IMC (R = 0,491; p < 0,001) e IMVE e entre PAS 24h (R = 0,193; p = 0,006) e IMVE. A massa ventricular não se associou com a taxa de filtração glomerular na regressão múltipla (R= - 0,057; p = 0,410). Conclusão: O índice de massa corporal de pacientes com doença crônica não dialítica foi positivamente correlacionado com o índice de hipertrofia ventricular esquerda, mesmo após ajuste para pressão arterial ambulatorial e taxa de filtração glomerular. Esse dado levanta a hipótese de que fatores relacionados à obesidade podem atuar desfavoravelmente sobre o coração, de forma independente e além de sua ação sobre a pressão arterial desses pacientes.