A clorhexidina, uma bis-guanida com propriedades bactericida, bacteriostática [6] e fungicida [32], tem sido amplamente utilizada em colutórios, soluções para lentes de contato e pomadas para queimaduras [1,29]. Nas indústrias que manipulam produtos de origem animal ela tem sido empregada como desinfetante de mãos, equipamentos e superfícies [11,14]. As evidências da baixa toxicidade, aliadas à eficiência antimicrobiana, levaram ao desenvolvimento de estudos para avaliar a aplicação do digluconato de clorhexidina (DGCH) no controle de microrganismos em carcaças de frango [25,33]. Entretanto, apesar do benefício tecnológico conseguido, não é conhecido o comportamento deste antimicrobiano durante o armazenamento e processamento de carcaças tratadas.Os dados existentes restringem-se à estabilidade do DGCH em medicamentos e soluções comerciais. DOUB et al. [12] desenvolveram metodologia para analisar produtos resultantes da degradação do DGCH em solução a 20% armazenada por 2,5 a 3 anos no escuro e em temperatura ambiente (20-25 o C). O método foi eficiente na quantificação de 9 dos 11 compostos previamente identificados, entre os quais a 4-cloroanilina (CA), 4-clorofenilguanidina e a 4-clorofeniluréia. A decomposição da DGCH pode ocorrer em função da luz e, principalmente, da temperatura [23]. JAMINET et al. [19] constataram que o pH influencia esta degradação, tendo observado uma maior formação de CA em soluções autoclavadas a 130 o C/30 min em pH 9 do que em pH 6,0.A aplicação de DGCH em alimentos desperta uma preocupação adicional, já que as aminas aromáticas e seus derivados substituídos, como a 4-cloroanilina, são tóxicos, além de existirem suspeitas de carcinogenicidade e mutagenicidade [21]. Esta suspeita decorre da RESUMO A degradação do antimicrobiano digluconato de clorhexidina (DGCH) durante armazenamento ou processamento térmico pode formar a 4-cloroanilina (CA), um composto potencialmente carcinogênico. Conseqüentemente, o uso deste sanitizante para descontaminação de carcaças de frangos representa uma fonte de risco para o consumidor, devendo ser avaliada a presença da CA no produto tratado. Um método foi desenvolvido para determinação de resíduos de CA em tecidos de frangos. Após a extração com diclorometano, foi feita a limpeza do extrato em cartucho C 18 e quantificação por cromatografia gasosaespectrometria de massas (CG-EM), sem derivação. A recuperação média (89,2% -CV 9,9%.) e o limite de detecção (1,8ng/g) foram considerados satisfatórios para os propósitos do estudo. Em amostras tratadas com DGCH e não submetidas a processamento térmico, a quantidade de CA detectada foi relativamente baixa, e provavelmente se originou da solução de tratamento. A fritura e a cocção em forno convencional resultaram em níveis elevados de CA, enquanto que a cocção em panela de pressão não alterou os níveis de CA presentes na amostra crua. Em vista destes resultados e, considerando-se o potencial tóxico da CA, recomenda-se que estes dados sejam levados em consideração quando avaliada a utilização de DGCH como s...