Objetivo: O ensaio objetiva refletir sobre informação, misinformação e desinformação como meios empregados por movimentos antivacina, abordando a produção dos seus efeitos sociais em termos de materialidade e de institucionalidade de enunciados no âmbito de regimes de informação.Método: A revisão bibliográfica teve como foco os temas materialidade e institucionalidade de enunciados, informação, misinformação, desinformação, regimes de informação e movimentos antivacina. Além disso, foram realizadas consultas em legislações e em websites governamentais brasileiros, mediante as quais foi possível realizar as reflexões sobre os temas estudados.Resultados: As reflexões apontam para a materialidade da misinformação e da desinformação como fonte ou produto de discursos antivacina, algo que, por vezes, mimetiza recursos empregados pelo regime de informação em ciência e tecnologia vigente e, com efeito, alimenta um modo de resistência junto às políticas públicas do Estado, num contexto em que doenças imunopreveníveis antes erradicadas têm retornado, como é o caso do reaparecimento do sarampo no Brasil.Conclusões: A dificuldade de distinção entre informação, misinformação e desinformação constitui um problema para o Estado, para a ciência, para as entidades de saúde pública ou para os meios de comunicação e instituições de mediação, comprometidos com a informação. O viés de confirmação capitalizado pelos movimentos antivacina aparece como meio de resistência e/ou confrontação ao controle do Estado. Efeitos adversos de vacinas podem ser utilizados descontextualizadamente para reforçar a ideia de que “toda vacina é maléfica”. A ciência e o poder público têm o desafio de esclarecer a opinião pública sobre os benefícios ou cuidados a serem tomados em relação às vacinas.