Inserção de simulações de desempenho térmico no processo de projeto

Abstract

O crescente aumento de consumo energético em edificações é uma questão preocupante. O modo como as edificações se comportam em relação ao clima em que estão inseridas é importante no seu consumo final, e assim, diretrizes iniciais de projeto voltadas ao seu comportamento térmico podem reduzir boa parte do consumo durante a operação. Isso porque essas diretrizes visam otimizar o desempenho das edificações, minimizando o uso de equipamentos de resfriamento para garantir o conforto dos usuários. No entanto, essas análises de desempenho térmico são realizadas com o projeto já consolidado, dificultando o alcance de bons níveis de desempenho e sem grande margem de alteração de projeto com este foco. Visando unir o processo a essas análises, o objetivo deste trabalho é o levantamento de dados sobre o processo de projeto de arquitetos para compreender quais parâmetros de desempenho já são considerados, quais outros poderiam ser incorporados, e quais as fases de maior relevância do ponto de vista térmico. Percebeu-se que os participantes deste estudo, apesar de considerarem relevante a avaliação de critérios como insolação e ventilação natural na concepção de projeto, o fazem com métodos pouco precisos. Além disso, evidenciou-se o desconhecimento de aspectos importantes, como a NBR 15575, a etiqueta de eficiência energética e o uso de simulações computacionais. Portanto, propõe-se uma estrutura de trabalho integrando as respostas sobre definições de projeto com os critérios de análise de desempenho. O desenvolvimento de uma estrutura de trabalho permitirá futuros experimentos de inserção de simulações no processo de projeto para validação.

Processo de projeto BIM integrado: uma análise da interoperabilidade BIM e BPS

“…Os pesquisadores destacam ainda que há um distanciamento do desenvolvimento de projeto e das análises de desempenho térmico de edificações tanto no meio acadêmico quanto no mercado de trabalho. (SOUZA et al, 2021) Para Hygh et al (2012), os modelos de simulação computacional de edifícios podem quantificar com precisão as cargas de energia do edifício, mas não são passíveis de serem usados nos estágios iniciais do projeto, quando os arquitetos precisam de uma ferramenta de avaliação que possa dar feedback rápido com base em alterações nos parâmetros de projeto de alto nível. Hygh et al (2012) prossegue afirmando que a realização de simulação de energia nos estágios iniciais do projeto requer tempo, recursos e conhecimentos técnicos significativos, que os modelos de simulação de energia de edifícios requerem um alto grau de especificação para caracterizar um edifício, limitando a sua aplicação durante as fases iniciais de projeto.…”

“…Isso porque as ferramentas não são desenvolvidas de forma interdisciplinar, e consequentemente, não são facilmente inseridas no processo criativo. (Souza et al, 2021) Ainda assim, um estudo conduzido por Tian et al (2018), na China, mostrou que os arquitetos, ao utilizarem simulação e algoritmos com uma técnica intitulada BESO (Building Energy Simulation and Optimization), conseguem tomar decisões mais precisas e otimizadas logo nas primeiras etapas de projeto se comparado com outras estratégias tradicionais passivas. A técnica consiste na utilização de uma automação a partir de algoritmos de otimização, relacionados a orientação, leiaute, estudo de massa, escolha de aberturas e sombreamento.…”

“…Para Hygh et al (2012) e Souza et al (2021), o uso se métodos simplificados de simulação ou de interfaces simplificadas para simulações mais completas podem proporcionar estimativas de energia mais eficientes. Com a redução da inserção de dados, o processo se torna mais intuitivo para os projetistas e reduz a carga associada à construção de um modelo apenas para a simulação e permitindo uma geração mais rápida de resultados.…”

“…Souza et al (2021) discorrem que o distanciamento entre o conhecimento sobre desempenho e projeto se nota, também, ao perceber a falta de ferramentas computacionais que auxiliem no entendimento dos fenômenos físicos a que está submetida a edificação.…”