RESUMOObjetivo: Descrever as modificações vocais acústicas e as sensações ocorridas após a técnica vocal de fonação reversa em mulheres adultas jovens, sem queixas vocais e com laringe normal. Métodos: Trinta e duas mulheres adultas jovens submeteram-se à avaliação otorrinolaringológica e triagem fonoaudiológica para descartar possíveis alterações que pudessem interferir nos resultados da pesquisa; tiveram amostras vocais coletadas antes e após realizarem três séries de 15 repetições de fonação reversa, em tempo máximo de fonação com tom e intensidade habituais, e 30 segundos de repouso passivo entre cada série. Após, responderam a um questionário referente às sensações percebidas. A análise vocal acústica foi realizada através do software Praat (versão 4.6.10) e os dados analisados por meio da estatística descritiva e pelo teste de Wilcoxon, com nível de significância de 5%. Resultados: Aumento estatisticamente significativo da frequência fundamental e da frequência máxima; diminuição da frequência mínima; aumento das medidas de Jitter, exceto da medida de Jitter local-absoluto que diminuiu; diminuição das medidas de Shimmer, relação ruído/harmônico (NHR) e relação harmônico/ruído (HNR); e predomínio das sensações positivas. Conclusão: A fonação reversa pareceu promover efeito positivo sobre a vibração da mucosa das pregas vocais e sobre o seu alongamento. Sugere efeito sobre a musculatura, favorecendo mudanças de frequência fundamental; e sobre sua homogeneização e modificação da camada de muco. Além disso, promoveu melhora global do sinal vocal e das sensações durante sua produção.Descritores: Fonação; Voz; Treinamento da voz; Qualidade da voz; Distúrbios da voz
INTRODUÇÃOA fonação reversa, inicialmente descrita por meio da aná-lise radiológica da laringe (1) , é a produção vocal que ocorre durante a inspiração. Acontece espontaneamente em diversas situações, como no riso, no choro e no suspiro (2) . Surge da pressão gerada acima do nível da glote, através da entrada turbulenta de ar, aduzindo as verdadeiras pregas vocais. Durante essa manobra, ocorre o relaxamento dos ventrículos, a ampliação do vestíbulo laríngico e a adução glótica em toda a extensão (3)(4)(5)(6)(7) , alongando as pregas vocais (4,7) . Na literatura, encontram-se relatos descrevendo um significativo aumento da perturbação e instabilidade do contato entre as pregas vocais durante a fonação reversa se comparada à fonação normal (6,8) . Também são referidos o afastamento das pregas ventriculares, a queda da pressão subglótica (causando distensão dos ventrículos), e a visualização mais definida dos seios piriformes (1)(2)(3)(4)(5)(6)(7) . Além de estar presente no choro dos neonatos (2) , a fonação reversa é utilizada na prática otorrinolaringológica, auxiliando a detecção de lesões de massa de prega vocal durante o exame de laringoscopia (3,7) . É utilizada, ainda, na prática clínica fonoaudiológica, como técnica de reabilitação (5,(7)(8) , podendo, inclusive, mostrar-se eficaz na melhora da fluência de indivíduos com gagueira (7) e de alguns...