Introdução: O aumento da expectativa de vida da população brasileira traz uma nova realidade, cursando com repercussões individuais e para o sistema de saúde. O sistema de deglutição sofre efeitos do envelhecimento com deterioração de suas funções, entretanto, a disfagia ainda é subdiagnosticada e negligenciada. Objetivo: Demonstrar a videoendoscopia da deglutição como método diagnóstico da disfagia e analisar os fatores de morbidade concorrentes. Material e método: Trata-se de estudo retrospectivo, baseado na análise de 114 exames de Videoendoscopia da deglutição de indivíduos avaliados em hospitais da Aeronáutica do município do Rio de Janeiro, entre 2017 e 2021. Resultado: Os exames foram classificados em normais e com disfagia, e o grupo com disfagia foi subdividido em leve, moderada e grave. Dos pacientes com disfagia grave, mais da metade obteve indicação de gastrostomia. Houve prevalência de disfagia associada a pelo menos uma comorbidade, e os distúrbios concomitantes de maior ocorrência são gastroenterológicos, neurológicos e odontológicos, havendo por vezes associação entre eles. Foi significante a relação entre aumento da idade e piora da deglutição, e aumento da idade e associação a alguma comorbidade. Conclusão: A evidência de alteração da maioria dos exames, a comprovação da relação entre envelhecimento e piora da disfagia, e entre envelhecimento e aumento de comorbidades relacionadas ao distúrbio de deglutição, apontam a disfagia frequentemente como processo relativo à senilidade, e não apenas à senescência. Os autores sugerem a Videoendoscopia da deglutição para avaliação de pacientes com queixas disfágicas ou em potencial risco de aspiração traqueal. Dessa forma, pode-se prevenir complicações e oferecer ao idoso melhor relacionamento com família e sociedade, além de favorecer a sua interação com a rede de valores na qual ele está inserido.