A presente tese tem como objeto de estudo a Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), seus contextos, suas práticas e suas estratégias de internacionalização consolidadas nos dez anos de atuação da instituição. Realizamos a pesquisa no intuito de responder ao questionamento de como são promovidos os propósitos retóricos e políticos de internacionalização da Unilab, buscando compreender de que maneira suas práticas coadunam, ou divergem, da perspectiva de Cooperação Sul-Sul brasileira. Tendo essa questão em perspectiva, nossa tese com relação ao objeto de pesquisa é a de que a institucionalização da internacionalização da Unilab mantém uma relação de dependência com o contexto político e institucional nacional, e a medida em que esse contexto político muda substancialmente, a execução dessa missão é comprometida, ao menos da forma com que foi originalmente proposta, e repercute no enfraquecimento das estratégias de internacionalização institucionalização da Unilab. Também partimos da asserção de que a consolidação dessas estratégias de internacionalização depende do acolhimento desse princípio junto ao contexto interno da Unilab. Mobilizamos três campos de reflexão principais para empreender a pesquisa: internacionalização da educação superior, em especial a caracterização de internacionalização ativa e passiva (LIMA; CONTEL, 2011; LIMA; MARANHÃO, 2009), globalização contra hegemônica (BERHEIM; CHAUÍ, 2008; SANTOS, 1989; 2008) e o pressuposto da internacionalização como quarta missão da universidade (SANTOS; ALMEIDA FILHO, 2012). Como metodologia de pesquisa, realizamos pesquisa documental junto aos documentos normativos internos à Unilab, pesquisa bibliográfica nas principais produções acadêmicas relativas à temática e pesquisa de campo que compreendeu entrevistas com onze docentes que atuaram em cargos de gestão na instituição. Problematizamos, então, que as estratégias de internacionalização da Unilab perdem forças na medida em que o contexto político e econômico nacional está menos aberto para o diálogo com os países do Sul, em especial ao continente africano. Além disso, percebemos que o princípio da internacionalização ainda não é consenso junto à comunidade acadêmica por conta de um contexto marcado por tensões internas, instabilidades políticas e fragilidades institucionais, que tendem a impactar no estabelecimento de relações internacionais com base no princípio de cooperação com os países parceiros.