Marechal de Campo (Lied do ciclo Canções e Danças da Morte) A batalha irrompe, as espadas estão flamejantes, Como bestas esfomeadas, os canhões bramem; Os cavalos relincham, os esquadrões galopam, A corrente corre carmesim, tingida de sangue coagulado. O sol ardente do meio dia vê a carnificina E ainda ao pôr do sol o combate persiste. Os últimos raios desaparecem, ainda inflexível O inimigo mantém uma obstinada fronte. Então cai a noite sobre o massacre, E ao crepúsculo todos dispersam. O silêncio reina e só a escuridão ouve Os gritos dos feridos dirigidos ao Céu. Olhem, ali, onde se projetam lívidos os raios da Lua, Escarranchado num cavalo pálido, Cavalga um guerreiro lívido e terrível, cujo nome É a morte. Ali na escuridão, Ele ouve as suas lamentosas queixas: Examina o horrível campo com orgulho, Move-se como um líder triunfante sobre o cenário de glória e dor. Depois sobe um outeiro, Olha fixamente, à volta dele, para os mortos e moribundos inflexivelmente sorrindo... E então sobre o agitado campo de massacre Ressoa ríspida e clara a sua voz: "Cessem o combate agora! A vitória é minha! Vós guerreiros, todos, é à Morte que cederam! Inimigos durante a vida, eu venho fazer de vós amigos! Levantai-vos, respondei à chamada da Morte! Entrai nas minhas fileiras! Desfilai perante o vosso líder! Antes do alvorecer eu devo passar revista aos meus homens. Soldados, os vossos ossos repousarão no seio da terra, Doce é o descanso que se segue ao combate! Os anos passarão por vós não contados, despercebidos, Os homens esquecerão a causa por que hoje vos batestes. Só eu, a Morte, recordarei o vosso valor, E honrarei a vossa memória quando a meia-noite bater! Sobre estas trincheiras eu dançarei ao luar, Eu pisarei a terra onde os vossos membros descansam, Pisarei tão perto que os vossos ossos nunca mais se moverão, Nunca mais regressareis à terra".