Interpretação Semiótica em Atividades de Modelagem Matemática

Abstract

Resumo No presente artigo interessa-nos capturar nas experiências dos alunos quando desenvolvem atividades de Modelagem Matemática elementos que nos permitam descrever a Modelagem Matemática em termos semióticos a partir dessas experiências. Nossos resultados levam em conta uma pesquisa empírica em que atividades de Modelagem Matemática são desenvolvidas por alunos de um curso de Licenciatura em Matemática. A interpretação semiótica nos permite inferir que as ações dos alunos se assentam nas categorias de Peirce caracterizadas como primeiridade, secundidade e terceiridade, compreendendo as perspectivas fenomenológica e ontológica destas categorias. Neste sentido, modelar matematicamente uma situação atende às peculiaridades de um fenômeno capaz de produzir conhecimento na perspectiva peirceana, segundo a qual a identificação de um continuum das três categorias é o indício desta construção. É justamente neste sentido que a experiência emanada de terceiridade faz com que o objeto, neste caso a Modelagem Matemática, já não seja para o intérprete, o aluno, como a coisa que era, mas como a coisa que se tornou depois do processo de experimentação mediado pelos signos interpretantes. A interpretação semiótica das experiências dos alunos nos leva a uma descrição da Modelagem Matemática em termos semióticos a qual assegura que, para que os alunos que se apropriem da Modelagem Matemática devem ter experiências relativas à identificação do que é Modelagem Matemática (ser Modelagem Matemática) ao mesmo tempo em que desenvolvem atividades de Modelagem (fazer Modelagem Matemática), ou seja, são interdependentes na constituição do fenômeno Modelagem Matemática as perspectivas fenomenológica e ontológica das categorias peirceanas.

Uma Abordagem Didático-Pedagógica Da Modelagem Matemática

“…O trabalho de Galbraith (2015) chega a se referir a uma possível falácia epistêmica, considerando uma confusão entre proposições de natureza ontológica, relativas, portanto, à natureza da modelagem e considerações relativas ao papel e ao lugar da modelagem na sala de aula, que dizem respeito a aspectos epistemológicos acerca da modelagem. A comunidade de pesquisa da área de Modelagem Matemática, todavia, tem também procurado conectar e articular estruturas e bases teóricas para discutir o que é modelagem e como essas atividades podem atuar na sala de aula (Cai et al, 2014;Ramos e Almeida, 2021;Maaβ, 2010).…”