Interseccionalidades em Saúde: Predomínio de Sífilis Gestacional em Mulheres Negras e Pardas no Brasil /

Abstract

A Sífilis Gestacional é responsável por altos índices de morbimortalidade intrauterina, representando um grave problema de saúde pública no grupo materno-infantil. O objetivo desse estudo foi retratar o cenário epidemiológico de sífilis gestacional no Brasil consoantes as variáveis de raça, escolaridade e idade, segundo dados do Boletim epidemiológico publicado pelo Ministério da saúde do Brasil, referentes ao ano de 2017. Para análise comparativa, foram utilizados também dados de 2009 e 2013 publicados na mesma edição. Neste trabalho observou‑se predomínio de mulheres com escolaridade inferior a 8 anos; de maioria parda, com idade de 20 a 29 anos. Os dados do presente estudo corroboram com a tese de que a sífilis, assim como outras DSTs, apresentam supremacia em grupos de riscos específicos, sugerindo a necessidade de implementação de políticas públicas preventivas e assistenciais valorizando a democratização e a equidade no cuidado em saúde.

Sífilis Gestacional: perfil clínico e epidemiológico em um município do interior de Rondônia de 2011 a 2021

“…Verifica-se que 48,54% estavam no 1° trimestre, 32,16% no 2º trimestre, 18,13% no 3° trimestre e 4,5% com idade gestacional ignorada. MORAIS et al, 2019).…”

Perfil epidemiológico dos casos de Sífilis Gestacional na Paraíba, Brasil

“…Resultado semelhante foi encontrado em outro estudo realizado no estado do Piauí entre 2010 e 2013, em que se destacaram dois grupos de risco no estado: mulheres na faixa-etária 20-39 anos e mulheres com baixa escolaridade (Barbosa et al, 2017). Em um outro estudo, realizado para avaliar o perfil epidemiológico de sífilis gestacional no Brasil, evidenciou um cenário semelhante corroborando com a tese de que a sífilis, assim como outras ISTs, apresentam supremacia em grupos de riscos específicos (de Morais et al, 2019).…”

“…Observou-se menor cobertura de pré-natal entre as mulheres da região Norte, indígenas, com menor escolaridade, e aquelas que realizaram prénatal em unidades públicas de saúde. Observou-se também menor cobertura de testagem entre residentes das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, entre mulheres mais jovens e não brancas, com menor escolaridade e que realizaram pré-natal em unidades públicas de saúde (de Morais et al, 2019). Em um estudo sobre sífilis na gestação e fatores associados à sífilis congênita em Belo Horizonte -MG entre 2010 e 2013, foi observado que a realização de poucas consultas de pré-natal (n<6) é um fator de risco para a sífilis congênita, uma vez que aumentam os riscos de transmissão vertical (Lins, 2014).…”

Mulheres e a questão racial da sífilis no Brasil: uma análise de tendência (2010-2019)

“…As mulheres negras são consideradas um grupo em situação de risco específico para a sífilis em gestantes, já que as evidências epidemiológicas apontam as tendências relativas a essa infecção como estacionárias ou crescentes na maioria das regiões brasileiras, com exceção da sífilis gestacional em mulheres pretas no Centro-Oeste e Sul, assim como no Brasil. Essa doença, responsável por altos índices de abortamento, natimortalidade, nascimento prematuro e que pode, ainda, ter como agravo a ocorrência da sífilis congênita, constitui um problema de saúde pública (de Morais et al, 2019), já que pode ser tanto evitada quanto tratada, especialmente, na Atenção Primária à Saúde (APS).…”