Introdução: A realização de grupos é uma das possibilidades de atuação das equipes da Atenção Primária à Saúde. Esse tipo de intervenção possibilita o desenvolvimento de ações de cuidado que extrapolam as consultas individuais, propiciando educação em saúde, integração, troca de experiências e ampliação da rede de apoio. Ainda que não tenham necessariamente o propósito de serem terapêuticos em termos de saúde mental, apresentam-se como espaços de promoção de saúde e prevenção de agravos. O trabalho com grupos é capaz de gerar aprimoramento para todas as pessoas envolvidas — usuários e profissionais — na medida em que possibilita colocar em evidência os saberes da comunidade, abrindo a possibilidade de que as intervenções em saúde sejam criadas em coletivo. Objetivo: Analisar o processo de desenvolvimento da habilidade de facilitação de grupos e os impactos das habilidades adquiridas na sua dinâmica, bem como na sua efetividade como ferramenta de produção de saúde, considerando as habilidades e competências da Medicina de Família e Comunidade. Métodos: Trata-se de pesquisa qualitativa desenvolvida na UBS Santa Cecília. Os encontros aconteceram semanalmente pelo período de uma hora durante seis meses. A ferramenta utilizada para acompanhamento do desenvolvimento da habilidade de facilitação se deu pela observação estruturada, baseada em cinco competências básicas para facilitação de grupos. A dinâmica estabelecida consistiu na determinação de uma profissional facilitadora e outra observadora, que registrou as intervenções realizadas, sendo esses papéis invertidos a cada encontro. Quinzenalmente os dados eram analisados, gerando reflexões e sugestões para melhoria das intervenções. Resultados: Cada competência descrita na ferramenta utilizada teve como resultado o desenvolvimento de habilidades primordiais para o funcionamento do grupo. Um dos maiores indicadores do êxito em alcançar as habilidades desejadas ocorreu pela observação de intervenções cada vez menos necessárias, tomando as participantes os papéis de protagonistas e responsáveis pelo desenvolvimento do grupo, questionando, produzindo e obtendo saúde. Conclusões: A utilização de um instrumento de observação e reflexão das competências do agente atuante como facilitador de um grupo permitiu que a dinâmica se estabelecesse de forma fluida com rápido entendimento das participantes sobre seus papéis no contexto geral do grupo. Observou-se também que a relação estabelecida entre elas resultou na formação de rede de apoio, melhoria do autocuidado e conhecimento, informação em saúde e apoio social às envolvidas.