RESUMO -OBJETIVOS. Determinar, através de um estudo randomizado e duplo-cego, o efeito de injeções intralesionais de triancinolona associadas à dilatação esofágica nos casos de estenose corrosiva.MÉTODOS. Quatorze pacientes adultos (seis homens e oito mulheres) portadores de graves estenoses corrosivas do esôfago foram randomizados em dois grupos: Grupo A: tratados com dilatação esofágica e posterior injeção intralesional de triancinolona 10 mg/ ml; Grupo B: tratados com dilatação esofágica e posterior injeção de solução fisiológica 0,9% (placebo , seguida pela ingestão de ácidos, com risco de cerca de 25% 3 . A ingestão de álcalis resulta em corrosão da orofaringe e esôfago. A lesão é profunda, devido à necrose do tipo liqüefativa ou de saponificação das camadas superficiais da parede esofágica [2][3][4][5][6][7][8][9] . Em contraste, a necrose produzida pela ingestão de ácidos é do tipo coagulativa e mais superficial 3 e tende a poupar o esôfago.O fator mais importante para o prognósti-co da resposta terapêutica é a profundidade da lesão. Existem três graus de lesão:Grau I -Penetração superficial -lesão superficial da mucosa. Não haverá estenoses 7,8 . Grau II -Penetração média -lesão ultrapassa a mucosa expondo submucosa e camada muscular 7,8 . Grau III -Penetração profunda -resulta em lesão transmural do esôfago ou parede gástrica. Pode ocorrer perfuração 7,8 . Entre 20% e 40% dos pacientes com lesões grau II e III irão desenvolver estenose 7 . Trata-se de uma situação sem cura definitiva e o tempo de tratamento é indeterminado.Em até uma semana após a lesão, há a formação de tecido de granulação com a proliferação de novos vasos e fibroblastos. Estes últimos formam novas fibras de colágeno, duro e inflexível, durante a segunda e terceira semanas seguintes à ingestão. Em lesões grau II e III ocorre dano à camada muscular e as fibras musculares lesadas não regeneram sendo substituídas por tecido fibroso. A contração *Correspondência: Rua Cel. Quirino, 1299 Ap. 61 13025-002 -Campinas -SP destas fibras de colágeno ("cross-link") resulta em progressiva diminuição do comprimento e redução da luz do esôfago, após a terceira semana 2 . Depois de seis semanas, a epitelização está completa e a lesão é revestida por uma camada densa de fibrose que pode formar múltiplos canais ou até obstruir completamente a luz do esôfago 7 . Pode haver deslocamento, no sentido cranial, da transição esôfago-gástrica, determinando o aparecimento de hérnia esofágica e sintomas de refluxo gastroesofágico. O refluxo, por sua vez, determina maior agressão ao esôfago 10 . O tratamento visa o alívio dos sintomas e é feito através de dilatações esofágicas periódicas.Os corticoesteróides diminuem a resposta inflamatória, interferem na síntese de colá-geno, fibrose e cicatrização crônica, inibindo a formação de reestenoses após as dilatações 4,5 . Após os excelentes resultados observados no tratamento de cicatrizes dermatológicas (quelóides, queimaduras, etc.) com corticoesteróides [11][12][13] , acreditou-se que o seu emprego poderia ser muito...