Introduction: The Ghost of a History

"A Morte", de Gonçalves Dias: uma proposta de letramento literário através do gótico

“…A poesia melancólica desse grupo possuía como elementos constituintes a psicologia associacionista, uma estilística afetiva, além do sublime como vetor estético. Ademais, essa vertente poética seria influência decisiva na poesia egóica do romantismo, enquanto fonte de temas e formas empregadas por literatos como William Blake, Samuel Coleridge, Percy Shelley e Lord Byron (CLARK, 1998, p. 107;PUNTER;BYRON, 2004, p. 13-19).…”

“…Atualmente, os estudos sobre o gótico têm se voltado para a infiltração do gênero, originário da Inglaterra, nas particularidades das literaturas nacionais, como as da Alemanha, Rússia, França, Japão e Austrália (MULVEY- ROBERTS, 1998;PUNTER, 2012). As pesquisas brasileiras seguem a mesma tendência, de modo a incluir autores vernáculos nessa tradição literária; destacam-se, nesse ínterim, as pesquisas de autores como Daniel Serravale de Sá (2010)…”

“Amorteamo”, locus horribilis e a tropicalização do gótico na TV brasileira

“…Outro ponto importante de se compreender ao falar da cosmovisão gótica é pensar na imaginação transgressora que a rodeia como um elemento que transita, em movimento de dupla via, pelas noções de excesso e limite durante o processo de construção das produções de sentido (Graham, 1989;Punter e Byron, 2004;Tibbetts, 2011;Punter, 2012;Alliata, 2017). Tais "imperativos transgressivos" (excessivos) da imaginação gótica podem ser exemplificados como a resistência à imposição (limítrofe) de determinados "papéis sociais, políticos e de gênero dentro das convenções de nossa ciência e cultura", como afirma Tibbetts (2011, p. 5).…”

“…O critério de seleção de tais sequências cênicas (ajustado da tese para este artigo) passa pela presença dos topoi góticos que permeiam a obra e, sobremaneira, se mostram com mais força justamente em momentos oportunos da trama. Dito de outro modo, com base nas discussões de Stevens (2000), Botting (1995,2008), Punter (2012) e, principalmente, França (2017, necessariamente são escolhidas sequências cênicas que provocam um avanço no arco dramático da trama a partir da pertinência do gótico na construção dos processos de sentido.…”