O tema da variação linguística, correspondendo à variação paramétrica na sintaxe, não tem sido explorado de modo compreensivo na abordagem minimalista (veja-se, no entanto, ROBERTS, 2019 e as referência lá citadas). Duas visões centrais e parcialmente distintas da variação linguística nesse arcabouço são: (i) a variação se origina no léxico (a chamada conjectura Borer-Chomsky, cf. BAKER, 2008) e (ii) a variação reside na externalização (a conjectura Berwick-Chomsky). Neste artigo, exploramos uma terceira visão da variação linguística, invocando a subespecificação do ordenamento de regras na sintaxe estrita, baseada em Obata et al. (2015). Para implementar essa abordagem, comparamos duas línguas, o português brasileiro (PB) e o crioulo cabo-verdiano (CCV), quanto à concordância do complementador em perguntas-WH envolvendo argumento e adjunto. Enquanto o CCV exige a expressão do complementador nas perguntas-WH, o PB apresenta um padrão geral de opcionalidade nas perguntas-WH tanto de argumento quanto de adjunto. Defendemos que os dois sistemas podem ser explicados em termos de subespecificação do ordenamento de regras na gramática.