Sangue periférico como fonte de células-tronco hematopoéticasAs células progenitoras hematopoéticas (CPH) da medula óssea são responsáveis pela formação de todas as célu-las maduras presentes no sangue. Embora recentemente tenham surgido evidências de que as CPH também têm a capacidade de se diferenciarem em outras linhagens celulares não hematopoéticas, a única aplicação clínica bem estabelecida para as CPH até o momento é a recomposição do tecido hematopoético medular após terapia mieloablativa no transplante de medula óssea.Desde o início dos anos 80, após descrições de que CPH também se encontram na circulação, o sangue periférico tem sido utilizado como fonte de CPH para a realização de transplante de medula óssea (TMO) autogênico e alogênico. Em 1981, Körbling 1 descreveu o que pode ter sido o primeiro caso de recuperação hematopoética em um paciente com leucemia mielóide crônica submetido a transplante autólogo de medula óssea, utilizando células mononucleares normais de sangue periférico. Estas células foram obtidas do sangue por leucaférese e criopreservadas para serem infundidas posteriormente, após regime de condicionamento. Em 1986, Kessinger 2 relatou pela primeira vez, em humanos, reconstituição hematopoética completa após transplante autólogo, utilizando células progenitoras mobilizadas de sangue perifé-rico. No mesmo ano, Reiffers 3 reportou um caso de leucemia aguda não linfocítica em primeira recaída tratada com transplante autólogo utilizando células progenitoras de sangue periférico coletadas previamente por leucaférese, e Körbling 4 publica um artigo relatando um caso de linfoma de Burkitt em remissão completa, também tratado com transplante autólogo utilizando células periféricas coletadas. Nos dois relatos, os pacientes apresentaram rápida reconstituição hematopoética.