Itinerário terapêutico de pessoas com tuberculose resistente e em retratamento

Abstract

Objetivo: analisar a percepção de pessoas com tuberculose sobre o itinerário terapêutico da tuberculose resistente e em retratamento. Materiais e método: pesquisa descritiva, com abordagem qualitativa, realizada com pessoas com tuberculose resistente ou em retratamento por abandono ou recidiva. Os dados foram coletados por meio de entrevistas semiestruturadas, que, depois de transcritas, foram submetidas à análise de conteúdo e, posteriormente, analisadas à luz do referencial teórico sobre itinerário terapêutico. Resultados: na percepção das pessoas com tuberculose resistente ou em retratamento, evidenciou-se o pouco entendimento sobre a doença e a recidiva, principalmente quanto à causa. No itinerário terapêutico em busca dos serviços paraatender às necessidades de saúde apontarama centralização do atendimento no serviço hospitalar. A adesão esteve remetida ao abandono do tratamento anterior, à necessidade de voltar à rotina e ao medo de transmissão para os familiares. As ações de autocuidado se relacionaram à adesão aotratamento, ao uso de equipamentos de proteção individual e à adoção de hábitos de vida mais saudáveis. Conclusões: os itinerários terapêuticos de pessoas com tuberculose aconteceram em diferentes níveis da atenção à saúde, especialmente nos centros especializados. Em cada serviço, analisaram-se diferentes experiências quanto ao entendimento sobre a doença, ao tratamento e aos diferentes sentimentos durante o percurso do tratamento. Diante disso, os profissionais necessitam fazer uso de estratégias que considerem a complexidade do uso de múltiplos medicamentos, a necessidade de monitoramento da adesão e da atenção às comorbidades.

Tuberculose resistente aos antimicrobianos em Rondônia

“…De modo complementar, a centralização do atendimento dos casos de resistência demanda maior tempo de tratamento e custos no deslocamento (PEREIRA et al, 2018;BESERRA et al, 2020). Ainda que seja oferecido transporte por meio de veículos coletivos para aqueles que não residem em Porto Velho, percebe-se que muitas vezes não está contemplado o auxílio para alimentação, mesmo que a permanência do usuário aconteça durante o dia para espera de atendimento e retorno para a cidade de origem.…”

“…Além disso, o estado registrou 29 óbitos, destes, 15 (51,7%) foram notificados no município supracitado, o qual também apresentou apenas 1,3% dos casos em regime do Tratamento Diretamente Observado (TDO) e elevado percentual de abandono (31,0%), ocupando o primeiro lugar no país (BRASIL, 2021;. Diante deste cenário preocupante, deve-se refletir que a ocorrência da TB resistente aos antimicrobianos acontece em virtude do abandono ao tratamento, seja pela falta de conhecimento sobre a doença pelos pacientes de TB, estigma, dificuldades no acesso às unidades de saúde, falhas na organização dos serviços e vínculo com a Atenção Primária à Saúde (APS) (BESERRA et al, 2020;SANTOS;ORFÃO, 2019;FERREIRA et al, 2018;. Tais fatores implicam na situação de encerramento, continuidade da cadeia de transmissão, agravamento dos sinais e sintomas, aumento da mortalidade e incidência, além da procura e necessidade por outros níveis de atenção (SILVA et al, 2019;SOUZA et al, 2020).…”

Conceptions about treatment and diagnosis of pulmonary tuberculosis for those who experience it

“…Such results show that the suffering experienced by TB patients goes beyond the body and compromises their social identity. [3][4][5][6]10 Others allude to the low level of knowledge about the disease, which can be related to socio-demographic factors, such as low education, low socioeconomic conditions, and difficulty of access, which influence the continuity of treatment, since the lower understanding of what the disease is can trigger affections such as fear, anxiety states, and other negative thoughts during the course of treatment for pulmonary TB. 7,[11][12][13][14] Of these studies, two were conducted in the North region of Brazil, [15][16][17][18] focusing on the obstacles to treatment, pointing out the little regional production, and reiterating the need for studies focused on this reality and its respective peculiarities.…”

Concepções sobre tratamento e diagnóstico da tuberculose pulmonar para quem a vivencia

“…Tais resultados evidenciam que o sofrimento vivenciado pelos doentes de TB ultrapassa o corpo e compromete sua identidade social. [3][4][5][6]10 Outros aludem ao baixo nível de conhecimento acerca da doença, o que pode se relacionar a fatores sociodemográficos, tais como baixa escolaridade, baixas condições socioeconômicas, dificuldade de acesso, que influenciam a continuidade do tratamento, uma vez que a menor compreensão sobre o que seja a doença pode desencadear afetos como: medo, estados de ansiedade e outros pensamentos negativos no decorrer do percurso do tratamento da TB pulmonar. 7,[11][12][13][14] Destes estudos, dois deles foram realizados na região Norte do Brasil, [15][16][17][18] com enfoque nos empecilhos para a realização do tratamento, apontando a pouca produção regional, reiterando a necessidade de estudos voltados a essa realidade e às suas respectivas peculiaridades.…”