Jornalismo, Assessoria de Imprensa e seus condicionantes organizacionais: Uma reflexão a partir das Teorias do Jornalismo

Abstract

Resumo O trabalho reflete, a partir de uma abordagem ensaística, sobre os quadros de referência deontológicos típicos de duas atividades da área de Comunicação: o Jornalismo e a Assessoria de Imprensa. Em primeiro lugar, são discutidas as singularidades que marcam as atividades cotidianas de jornalistas e de assessores especificamente no caso brasileiro. Em seguida, o texto analisa as características da Teoria Organizacional, dedicada a compreender os constrangimentos que as empresas impõem aos produtores de informação. A partir da literatura e da verificação de um conjunto de ilustrações, conclui-se haver uma tensão permanente entre jornalistas e assessores. A atuação de ambos os profissionais, porém, encontra-se fortemente subsumida à orientação de seus empregadores.

The Journalist between the Profession and the Newspaper's Interests: Values and Routines in the Production of Folha De S. Paulo’s Editorials

“…However, considering the prevalence of standardized rules and procedures does not imply understanding -how companies and journalists often propagate -that their productive processes would be an activity necessarily controlled by obedience to principles such as objectivity (Barros Filho, 1995;Marques, Miola & Siebra, 2014;Motta, 2013). In this case, there is a market issue to be considered: when affirming itself as having objective news reporting, the journalism tries to broaden its focus of action to enhance the control it exerts on the sphere of public visibility (Biroli & Miguel, 2012;Cook, 2005;Sparrow, 2006;Strömbäck, 2015).…”

Assessores de imprensa do campo político:

“…A palavra conhecimento, aqui expressa à necessidade de ter informações sobre o assessorado ou o assunto que o profissional atua como assessor de imprensa. A assessoria de imprensa tem o conhecimento do seu cliente e sabe quais informações são favoráveis ou desfavoráveis, isso pode facilitar a apuração jornalística, por meio do agendamento de entrevistas, envio de dados ou sugestão de pautas com perspectiva favorável ao seu assessorado, intermediando as relações do seu cliente com a imprensa LACERDA;MATTOS, 2005;MARQUES;MIOLA;SIEBRA, 2014). Não se trata, apenas, do conhecimento buscado e disponibilizado ao assessorado e mídias, mas, também, do que pode ser enquadrado para a percepção e hierarquia das questões públicas (PORTO, 2004).…”

“…Julho a Dezembro de 2020 -ISSNe 1984-6924 A partir da compreensão do contexto histórico da formação da profissão jornalística brasileira, a assessoria de imprensa se constituiu, simultaneamente, como um subcampo do jornalismo. Essa filiação na formação das carreiras mantém na assessoria códigos comuns aos do campo do jornalismo, mas que se dissociam no campo de atuação profissional: jornalistas trabalham nas redações dos meios de comunicação para informar o grande público e os assessores nas corporações, dedicados à administração da imagem pública de empresas, instituições e indivíduos (DUARTE, 2001;MARQUES, MIOLA e SIEBRA, 2014).…”

“O mundo gira sem o Mercosul”: um estudo sobre os editoriais do Jornal O Estado de S. Paulo

“…De acordo com o autor, o papel moral e social do profissional do Jornalismo vai, portanto, além da finalidade puramente informativa. Não por acaso, o Jornalismo guarda o traço da opinião desde a sua gênese PENA, 2010;MIOLA;SIEBRA, 2014). De acordo com Sousa (2008), ao se modernizar e buscar legitimidade, o Jornalismo passou a separar a opinião de um lado, da informação, de outro, chegando-se ao modelo comercial hoje conhecido.…”