RESUMO:Neste capítulo, nos interessaremos por um fenômeno pouco estudado a respeito dos núcleos nasais do português: a ditongação de vogais nasais lexicais em fim de palavra (p. ex. lã [lɐ w̃] ) e, sobretudo, em posição não final (p. ex. tanque [tɐ ̃jk ɨ]), na tentativa de identificar em que medida diferentes fatores fonético-fonológicos são responsáveis pela determinação do glide como sendo palatal [j] ou labiovelar quando uma vogal nasal ditonga. Para tal, analisaremos 1.197 atestações de ditongação das vogais nasais /ã, ẽ, õ/ extraídas da base de dados do ALEPG -Atlas linguístico-etnográfico de Portugal e da Galiza (cf. SARAMAGO, 2006). Como veremos, um dos fatores determinantes, em posição final como não final, é o timbre da vogal que ditonga. Em seguida, outros fatores importantes são a consoante seguinte em ataque e o timbre da vogal final em posição não final e, em posição final, a presença de [ɲ] no ataque precedente, a influência do ditongo nasal lexical -ão, assim como a região geográfica.