ResumoA ilha de Gorée é um símbolo e um lugar de memória do tráfico atlântico de escravos e da escravatura na Senegâmbia. A 27 de dezembro de 1996, o jornalista francês Emmanuel de Roux publicou, no jornal diário Le Monde, um artigo intitulado “Le mythe de la maison des esclaves résiste à la réalité” (“O mito da casa dos escravos resiste à realidade”). Este artigo punha em causa a Casa dos Escravos de Gorée, a qual, de acordo com o autor, nunca tinha albergado escravos do tráfico negreiro. O artigo deu origem a um debate público envolvendo história, memória e emoções. Em 1997, os investigadores e as autoridades políticas senegalesas organizaram um encontro científico destinado a contrariar todas as “tentativas de anestesiar a memória coletiva”.