Este artigo analisa o deslocamento dos ribeirinhos para os reassentamentos de Novo Engenho Velho e Riacho Azul, no município de Porto Velho-RO, em função da construção da Usina Hidrelétrica Santo Antônio, no rio Madeira. A pesquisa teve caráter quantitativo/descritivo, com algumas informações qualitativas, a partir de análise documental, entrevistas semiestruturadas e questionários. Compuseram a amostra três representantes da usina e 28 famílias dos reassentamentos. Os resultados mostram uma visão dos representantes da usina associada aos objetivos da política de desenvolvimento de infraestrutura no país. A partir do apoio às novas habitações e às novas atividades produtivas os gestores consideram que propiciaram condições para que os ribeirinhos deslocados mantivessem suas estruturas familiares, de vizinhança e socioeconômicas, embora cientes das mudanças necessárias nesse processo. Na percepção dos antigos ribeirinhos, trata-se de enfrentar o rompimento de um modo de vida organizado às margens do rio, com as consequências de um deslocamento para outros lugares, em que as antigas condições familiares, sociais e econômicas não se reproduzem e as novas condições apresentam diversas fragilidades, em especial as interdições à atividade de pesca, a pior qualidade da terra para agricultura e o funcionamento deficitário dos equipamentos de saúde, educação e saneamento.