Resumo: Em um momento em que a intimidade é tema principal, tanto da programação televisiva quanto das salas de cinema, observa-se uma crise dos afetos, em que o risco de aprisionamentos subjetivos e de reificação se intensificam. Neste artigo, foram analisados dois objetos empíricos que privilegiam a vida cotidiana e a intimidade como tema, perpassando alguns territórios afetivos, entre eles, o filme Uma mulher é uma mulher, de Jean-Luc Godard, e a televisão contemporânea, em especial, o canal brasileiro GNT. Como conclusão, a trajetória do eu parece estar ameaçada pela mercantilização das performances afetivas.Palavras-chave: intimidade; cotidiano; cinema; televisão; afetos.Abstract: Affection crisis: privacy and everyday life in film and television -When intimacy is the main theme of both television programs and in movies theaters, an affection crisis is observed, in which the risk of subjective imprisonments and reification intensify. In this paper we analyze two empirical objects that emphasize the theme of everyday life and privacy, which pervade some affective territories, such as the film "A woman is a woman", of Jean-Luc Godard, and contemporary television, in particular the Brazilian television channel GNT. In conclusion, the trajectory of the self seems threatened by the marketing of affective performances.Key words: privacy; everyday life; cinema; television; affections.Episodicamente narrada nos folhetins de imprensa, a vida cotidiana ganhou visibilidade nos romances burgueses do século XIX, cujo realismo assegurou uma identificação cada vez mais intensa entre o leitor e seus heróis, entre imaginário e real.Não se restringindo ao romance, a vida cotidiana e seu indivíduo comum flanaram por entre os poemas e as poesias de Baudelaire, tendo suas pegadas apagadas por EdgarAllan Poe e, posteriormente, no século XX, por Bertolt Brecht. No final do século XIX,