Objetivo: Comparar a acurácia para predição de mortalidade dos indicadores de perfusão tecidual e APACHE II nas primeiras 24 horas de internação em uma unidade de terapia intensiva (UTI) do sul do Brasil. Métodos: coorte prospectiva. Foram avaliados o diagnóstico de internação, idade, sexo, casos cirúrgicos ou não-cirúrgicos, APACHE II, índice de perfusão tecidual (IP), lactato sérico, saturação venosa central de oxigênio (SvcO2) e a diferença venosa-arterial de dióxido de carbono (ΔPCO2) nas primeiras 24 horas de internação. Os participantes foram acompanhados até o desfecho na UTI: alta ou óbito. Resultados: Participaram do estudo 126 indivíduos com média de idade de 62,2±16,8 anos e principal causa de internação cardiovascular (37,3%). As variáveis que estiverem relacionadas ao óbito foram apenas a maior idade (p=0,015), casos não-cirúrgicos (p=0,001), maior pontuação no APACHE II (p=0,001) e maior tempo de internação (p=0,004). O estudo elaborou um modelo de avaliação prognóstica utilizando os casos não-cirúrgicos e a SvcO2<65% que, quando comparado com o APACHE II, se mostrou mais acurado para previsão de mortalidade em UTI (área sob a curva ROC 0,727 (IC 95% 0,616 – 0,838 versus 0,802 (IC 95% 0,701 – 0,904). Conclusão: Os indicadores de perfusão tecidual analisados não apresentaram relevância estatística como preditores de mortalidade nas primeiras 24 horas quando analisados de forma independente no estudo. O escore APACHE II apresentou-se como uma boa forma de avaliação prognostica para os pacientes, assim como o modelo proposto no presente estudo para previsão de mortalidade, que quando comparado ao escore APACHE II, apresentou um índice de confiabilidade e uma área sob a curva ROC mais elevada.