A perda da capacidade de abdução da laringe de forma unilateral ou bilateral durante a inspiração de origem adquirida ou congênita é definida como paralisia de laringe. Essa patogenia está normalmente associada a cães de meia idade, a idosos, machos e de grande porte. A ocorrência de paralisia de laringe secundária a intubação em cães é pouco comum, diferente do que ocorre em humanos. O presente trabalho teve como objetivo relatar o caso de um cão da raça Pug, macho, castrado, de oito anos de idade, atendido no Hospital Veterinário da Universidade Federal do Paraná. O paciente em questão foi submetido a procedimento cirúrgico sob intubação, e retornou ao hospital em torno de 30 dias depois, em atendimento de emergência devido à angústia respiratória e queixa de afonia e roncos mais intensos e frequentes com início uma semana após a intubação. Após estabilização do quadro na internação, o animal foi submetido a laringoscopia sob anestesia ambulatorial leve para avaliação de vias aéreas superiores, durante a qual foi possível constatar prolongamento de palato mole, eversão de sacos laríngeos, processos cuneiformes das aritenoides colapsando em direção ao lúmen laríngeo durante a inspiração, colapso laríngeo grau 2 e paralisia de laringe unilateral esquerda. Após estabilização, o cão recebeu alta da internação para tratamento de hemoparasitose previamente à rinoplastia e estafilectomia. Duas semanas após a alta, paciente retornou ao hospital em crise respiratória severa, sendo necessária realização de traqueostomia temporária e monitoramento em unidade de terapia intensiva para estabilização do quadro. Três dias depois após estabilização, foi então submetido a estafilectomia, rinoplastia e saculectomia, sendo constatado novamente o quadro de colapso de laringe de segundo grau e paralisia laríngea unilateral esquerda. Após dois dias internado para cuidados pós-operatórios, o tubo de traqueostomia temporária foi retirado e recebeu alta sob orientações de tratamento clínico e manejo. Uma semana após o retorno, o animal em questão veio a óbito em casa após um quadro de êmese seguido por angústia respiratória relatada pelo tutor. Suspeita-se que tenha ocorrido um quadro de broncoaspiração, sendo tal complicação bastante frequente nos casos de paralisia de laringe.