RESUMO : A cardiomioplastia é uma técnica que utiliza enxertos musculares esqueléticos, estimulados sincronamente ao coração, para substituir, ou envolver o miocárdio. O objetivo deste trabalho foi analisar as características contráteis e a resistência à fadiga do músculo grande dorsal normal e estimulado cronicamente, bem como avaliar a eficiência da cardiomioplastia como método de suporte circulatório . Treze cães foram estudados , após condicionamento elétrico do músculo grande dorsal esquerdo, por períOdO de 6 semanas . Sete deles foram submetidos a medida isométrica da força exercida pelos músculos condicionados e pelos controles contralaterais e a estudo morfológico. Os parãmetros ideais de estimulação foram semelhantes para os músculos normais e os condicionados. Os músculos condicionados, constituídos, predominantemente, de fibras de ação lenta, apresentaram uma força de amplitude menor ( -27%) e um tempo de contração mais longo (+32%). Por outro lado, as curvas de fadiga dos músculos normais, constituídos de fibras mistas, mostraram a queda inicial da força de contração e valores estáveis, após 30 minutos, inversamente proporcior:lais à freqüência das contrações, resultando em um mesmo índice tensão-tempo (18 ±2 kgF. seg/min) . Já os músculos condicionados apresentaram um desempenho estável nas mesmas freqüências, mantendo um índice tensão-tempo elevado (68 ±6 kgF . reg/min) . Os outros 6 animais foram submetidos a cardiomioplastia, sendo estudados hemodinãmica e ecocardiograficamente, após a indução de disfunção miocárdica. Com a estimulação síncrona do músculo esquelético, observou-se a elevação do índice cardíaco em 36 ±4% (p< O,01), associada a queda da pressão capilar pulmonar. O aumento da fração de ejeção foi documentado (51 ± 3%), inclusive quando o enxerto foi colocado apenas sobre o ventrículo esquerdo (p < 0,01). Em conclusão: 1) os músculos esqueléticos são capazes de manter atividade semelhante ao trabalho cardíaco, com um desempenho que depende de sua capacidade aeróbica ; 2) a estimulação crónica leva à transformação adaptativa das fibras musculares, aumentando a sua capacidade de trabalho aeróbico; 3) a cardiomioplastia pode ser um método alternativo, no tratamento da insuficiência mioéardica, mesmo quando é possível apenas o envolvimento parcial do coração pelo enxerto.