A pandemia da doença pelo novo coronavírus 2019 (COVID-19) acarretou desafios sem precedentes em todo o mundo, colocando uma clara pressão nos sistemas de saúde pública e nas comunicações governamentais de crise e de risco. Esta comunicação dos governos introduziu lições importantes durante a experiência com a pandemia COVID-19 e tais experiências demandam análise e crítica. O nosso objeto de análise foram os conteúdos da comunicação de risco na crise sanitária da COVID-19 no estado da Paraíba e no Brasil em 2020, que foi um interstício crucial de tempo para a comunicação de risco emergencial sobre a pandemia. O objetivo foi explorar e analisar as estratégias de comunicação de risco das autoridades governamentais de saúde quanto à pandemia de COVID-19 por meio de seus portais digitais on-line oficiais no ano de 2020. O modelo do estudo foi descritivo-exploratório, com enquadramento qualitativo baseado na análise de conteúdo temática e lexical no trabalho de interpretação dos dados discursivos. Os referenciais metodológico e teórico foram o conceito de “governamentalidade” de Foucault e o quadro analítico de Bachi. Os resultados mostraram que figuram as 20 palavras mais repetidas na plataforma da Secretaria Estadual de Saúde (SES). Notou-se que a recorrência frequente de “pacientes”, “COVID”, “Estado” e “Pessoas” remetendo à figura humana diante da COVID-19 e o papel do Estado nessa situação. Entre os problemas representados, destacaram-se aglomeração, internação, fake news, grupos de risco, sintomas e mortalidade, em contraposição às soluções, dentre as quais sobressaíram os subtemas referentes aos serviços de saúde, medidas preventivas não-farmacológicas e farmacológicas, além de terapêuticas. Não se observou problematização de populações vulneráveis no sentido de vulnerabilidade socioeconômica e questões étnicas.