Os debates no campo da alfabetização frequentemente têm se concentrado nas questões metodológicas e, em período histórico mais recente, nos processos de aprendizagem das crianças. O artigo traz resultados de estudos que vêm sendo desenvolvidos pelos autores com foco na valorização dos conteúdos e dos aspectos conceituais da alfabetização, em consonância com os pressupostos teóricos da Pedagogia Histórico-Crítica e da Psicologia Histórico-Cultural. São analisados com mais profundidade os conteúdos sugeridos por propostas curriculares que se apoiam nesses pressupostos (como aquelas implementadas no estado do Paraná a partir dos anos de 1990), em comparação com os documentos que traçam as diretrizes nacionais para esse ensino, como os Parâmetros Curriculares Nacionais. Entre outros aspectos, procuramos abordar: a questão dos conteúdos da alfabetização sugeridos por essas propostas curriculares e os programas de formação de professores que fazem a mediação das propostas com a prática na sala de aula; a importância da formação de conceitos científicos sobre a língua escrita (gênero, texto, frase, palavra, sílaba e fonema/letra) e sua relação com a percepção empírica decorrente do uso cotidiano da língua. Concluímos que esses conceitos, organizados e ensinados de forma sistemática, são fundamentais para a formação de uma atitude teórica e crítica frente aos fenômenos da linguagem. Dessa forma procuramos apontar para o potencial da Pedagogia Histórico-Crítica e da Psicologia Histórico-Cultural para fundamentar a elaboração de propostas curriculares que superem os limites tanto das concepções tradicionais quanto das abordagens construtivistas e ecléticas da alfabetização.