Este artigo busca analisar, com base nos pressupostos teóricos da abordagem construcional (Traugott e Trousdale, 2013; Bybee, 2010, etc), a microconstrução intensificadora [[X] pra caramba], instanciada pelo subsesquema construcional [[X] Prep+N], no português brasileiro, tendo em vista as propriedades da esquematicidade, composicionalidade e produtividade. A função desse tipo de microconstrução é expressar uma ideia de encarecimento acerca de algo, alguém ou evento, que ultrapassa os limites do que é tido como relativamente normal pelo falante. Assim, considerando como universo de investigação o Corpus do Português (Davies e Ferreira, 2006), nosso intento é apresentar uma breve descrição e análise da construção [[X] pra caramba] no que se refere à sua importância, à sua aplicabilidade e à sua produtividade na língua portuguesa, como forma de diferenciá-la de outras construções intensificadoras, do tipo “muito”, “bastante” e “demais”, definidas como simples. Em resumo, vimos que essa microconstrução emerge na língua no século XX, tornando-se bastante produtiva, e, portanto, mais esquemática, a ponto de atrair outras microconstruções intensificadoras menos prototípicas.