Mãe E Filho No Cárcere: Uma Revisão Sistemática

Abstract

Como citar este artigo: Santos DSS, Bispo TCF. Mãe e filho no cárcere: uma revisão sistemática. Rev baiana enferm. 2018;32:e22130.Objetivo: analisar a produção científica acerca da relação mãe e filho no contexto de privação de liberdade. Metodologia: trata-se de uma revisão sistemática da literatura, orientada pelos descritores "relação mãe-filho", "prisões", "recém-nascido" e "criança". Foram acessadas seis bases de dados da Biblioteca Virtual de Saúde e selecionados 13 artigos que aderiam à temática e aos critérios de inclusão. Os dados foram analisados e apresentados em categorias. Resultados: após a análise foram delineadas três categorias: vivenciando a maternidade no ambiente hostil da prisão, relação mãe-filho e formação do vínculo no cárcere e sofrimento psíquico da separação do binômio. Conclusão: a produção científica acerca da relação mãe e filho no contexto de privação de liberdade mostra que é necessária maior atenção à mulher que vivencia a maternidade em situação de privação de liberdade, tendo em vista que o ambiente da prisão tem fortes implicações para o estabelecimento da relação mãe-filho e para a formação do vínculo nesse binômio.

Cuidados De Enfermagem E Saúde Da Mulher No Sistema Prisional: Uma Revisão Integrativa

“…Preferencialmente, uma consulta no primeiro trimestre, duas no segundo e três no terceiro (Fochi et al, 2020(Fochi et al, , 2023. Contudo, na análise dos estudos constatou-se a falta de apoio, de humanização e de diálogo com as famílias dessas mulheres (Mariano;Silva, 2018;Ferreira et al, 2021;Fochi et al, 2020;Santos et al, 2018;Flores;Smeha, 2018). Alguns estudos informam que a legislação garante direito de acompanhante no parto e pós-parto, porém, o sistema prisional restringe contato familiar e violência é comum, privando-as de pele a pele (Medeiros et al, 2020;Flores;Smeha, 2018).…”

“…A partir da análise dos estudos compreende-se a necessidade da criação de um ambiente adequado ao aleitamento materno para promover a saúde, conforto e privacidade da mãe e do bebê (Santos et al, 2018). No entanto, não há espaço suficiente nas celas para banhos de imersão, e recém-nascidos são higienizados nos chuveiros das unidades (Moraes et al, 2023).…”

“…A separação mãe-filho é uma violação grave dos direitos humanos e causa sofrimento emocional entre as presas e os recém-nascidos (Souza;Carvalho, 2010;Medeiros et al, 2020;Mariano;Silva, 2018;Cruz;Leite, 2023.). Compreende-se que enfermeiros que atuam no sistema prisional podem ajudar a promover o relacionamento saudável entre mãe e bebê, fornecendo orientações sobre amamentação (Medeiros et al, 2020;Benedet;Medeiros, 2021;Bispo, 2018).…”

O cuidado à criança no contexto prisional: percepções dos profissionais de saúde

“…Nesse sentido, quando uma criança nasce no contexto do aprisionamento materno, esta vivenciará os seus primeiros seis meses de vida na unidade prisional com sua mãe e estará exposta a um ambiente totalitário, violento, marcado por violação dos direitos humanos, escassez de insumos, infraestrutura prisional inadequada e isolamento social, aspectos esses que influenciam o processo de cuidado dessa criança nesse ambiente 1, 2 .…”

Mulheres dissidentes: o cárcere da liberdade

“…Diante disso, a separação entre mãe e filho pode exercer influência negativa no desenvolvimento da personalidade da criança gerando danos psicológicos para a mãe. A falta de informações sobre como e onde estão seus filhos são os maiores dramas vivenciados pelas mães encarceradas(Santos & Bispo, 2018), conforme afirma a participante: '[...] minha angústia era não saber onde ela estava [...] sempre mudavam de endereço [...] quando eu descobria onde ele (pai) estava com minha filha, já não moravam mais ali!' (Jade).O cárcere feminino não privilegia espaços diferenciados, produtivos, saudáveis, de recuperação e resgate de autoestima ou da cidadania para as mulheres na maternidade(Soares et al, 2016).…”