RESUMO -O autor apresenta 270 casos de pacientes com história clínica e imagens de ressonância magnética compatíveis com esclerose múltipla. São feitas considerações sobre a incidência quanto ao sexo, grupos etários e localização das lesões. Por se tratar de doença considerada rara nos países tropicais, o autor tece considerações didáticas sobre os critérios clínicos e de imagem úteis na prática radiológica e alerta os neurologistas para o significado desta doença na capital (Curitiba) de um estado brasileiro (Paraná) situado entre os paralelos 22º e 30º Sul. PALAVRAS-CHAVE: esclerose múltipla, esclerose múltipla no Brasil, ressonância magnética na esclerose múltipla. Esclerose múltipla (EM) é a mais comum das doenças desmielinizantes 1,2 , sendo caracterizada pela localização de múltiplas placas de desmielinização na substância branca encefálica e medular. Estas lesões causam sinais e sintomas neurológicos intermitentes que, com a evolução da doença, podem agravar-se progressivamente. .oi Robert Carswell, professor de anatomia patológica de Londres quem primeiro publicou, em 1837, um caso de anomalias cerebrais coincidentes com quadro clínico de esclerose múltipla. Em 1838, Jean Cruveilhier, professor de anatomia patológica em Paris, publicou quatro casos associando os achados histopatológicos aos achados clínicos dos pacientes e já chamando a atenção para a característica intermitente da doença, com crises de exacerbação e remissão que ela produzia. .oi, porém, Jean-Martin Charcot quem, em 1870, através de uma série de casos, descreveu os critérios clínicos da EM e estabeleceu o caráter flutuante da sintomatologia desta doença. Ele também incluiu a neurite óptica, os envolvimentos bulbar e medular como parte do complexo da esclerose múltipla. Charcot também descreveu em detalhes os achados histológicos, dando ênfase à desmielinização das fibras nervosas encontradas nas placas, infiltrado perivascular de células plasmáticas, linfócitos e macró-fagos 3 . Em 1932 Pete e Chaltemberg deram um passo na elucidação da etiologia das placas de desmielinização. Através de um modelo animal, eles observaram que elas se associavam a um processo de natureza imunológica 3 . Em 1942, Cabot descreveu aumento de imunoglobulina (IgG) no líquor dos pacientes com esclerose múltipla. Era a primeira vez que a doença apresentava correlação com uma alteração laboratorial. O aumento da imunoglobulina liquórica permitiu aos pesquisadores reconhecer em 1960 que a esclerose múltipla se associava a uma gamopatia oligoclonal do líquor e que o aumento da IgG no líquor era devido a sua alta produção no sistema nervoso central 3 .Em 1970, a técnica do Potencial Evocado (visual, somatosensorial e do tronco cerebral) passou a ser utilizada, porém de forma limitada, pois a ausência ou lentidão das ondas de resposta indica uma lesão no complexo anatômico-fisiológico estudado, mas não que ela seja devida à esclerose múltipla. Estes testes só são úteis quando se buscam lesões subclínicas do sistema nervoso central nos casos sus-