Introdução: a epilepsia, uma condição neurológica caracterizada por convulsões recorrentes, apresenta desafios significativos durante a gestação, exigindo uma abordagem multidisciplinar e especializada para garantir a segurança e o bem-estar tanto da mãe quanto do feto. Objetivo: diante disso, o objetivo deste estudo é relatar casos de gestantes com epilepsia que faziam o uso de anticonvulsivante teratogênico no âmbito da atenção primária à saúde. Metodologia: trata-se de um estudo descritivo, com abordagem qualitativa, do tipo relato de caso. Foram realizados acompanhamentos com essas mulheres grávidas, na unidade de saúde da família, observando suas peculiaridades clínicas para traçar uma terapêutica mais profícua possível à saúde do binômio mãe-feto. Relato de casos: dois perfis de gestantes foram avaliados: uma que fazia tratamento para transtorno de ansiedade generalizada e, concomitantemente, para crises epilépticas, enquanto a outra, apenas para os quadros de epilepsia. Com o intuito de evitar efeitos teratogênicos, dado que o ácido valproico apresenta um risco significativo para a gravidez, optou-se por interromper imediatamente o uso desse fármaco. Após uma avaliação cuidadosa, substituiu-se por um fármaco derivado da pirrolidona, para a paciente que também estava em tratamento com ansiolíticos, e por um modulador de canal de sódio (derivado de fenilidrazina) para a gestante que fazia uso exclusivo do ácido valproico. É importante ressaltar que nenhum medicamento antiepiléptico é completamente isento de riscos durante a gestação. Discussão: observou-se que o ácido valpróico, comumente usado para tratar transtornos neurológicos e psiquiátricos, quando administrado no primeiro trimestre da gravidez está ligada a defeitos no tubo neural, cuja gravidade depende da dose. Estudos sugerem que gestantes com epilepsia podem considerar alternativas mais seguras, já que medicamentos como carbamazepina e fenitoína também aumentam o risco de malformações congênitas. Outros anticonvulsivantes, como os derivados da fenilidrazina e da pirrolidona, podem oferecer um perfil de segurança melhor, embora a evidência seja limitada. Conclusão: a assistência prestada a esses dois casos destaca a necessidade urgente de uma abordagem abrangente e centrada no indivíduo no tratamento da epilepsia durante a gravidez. A comunicação transparente e a coordenação do cuidado eficaz entre os serviços de saúde são elementos essenciais para assegurar o melhor resultado possível para todas as mulheres grávidas, independentemente de sua condição médica específica.