Manifestações artísticas alternativas ou a face visível de um Portugal contemporâneo

Abstract

ResumoO nosso contributo resulta da necessidade de refletirmos em torno do objeto de estudo da investigação que nos encontramos a desenvolver. Está a considerar-se manifestações/iniciativas artísticas compreendidas genericamente como alternativas/underground, cuja emergência assenta designadamente em lógicas doit-yourself, que se materializam como multi/transdisciplinares artisticamente e se baseiam no pluralismo e experimentação. A consolidação destas manifestações no Portugal contemporâneo implica uma discussão dos conceitos inerentes à sua problematização enquanto objeto de estudo. Da reflexão encetada e aqui partilhada, procura-se demonstrar a sua operacionalização aproximada através de um breve mapeamento das manifestações artísticas em estudo, a partir da análise de conteúdos produzidos por um conjunto de dispositivos mediáticos.Palavras-chave: manifestações artísticas, subcampo artístico alternativo e underground, mapeamento. AbstractOur contribution results from the need to reflect on the object of study of research that we are developing. We are considering artistic manifestations/initiatives generally understood as alternatives/underground, whose emergence is based on do-it-yourself logics; they are materialized as multi/transdisciplinary art and they are based on pluralism and experimentation. The consolidation of these manifestations in contemporary Portugal implies a discussion of the concepts which are inherent to its problematization as object of study. From the reflection initiated and shared here, we try to demonstrate, from the analysis of contents produced by a set of media devices, an approximate operationalization through a brief mapping of the artistic manifestations.

Olhares sociológicos sobre a pandemia

“…Destes processos resulta, pois, uma tendência, inerente à sua consolidação, para institucionalização do projeto, visível na consagração do mesmo no campo artístico, pelos públicos e pelas estruturas de informação e conhecimento (Januário, 2019). E da profissionalidade construída, destaca-se a gestão do espaço e da comunicação -o domínio desta constituiu a pedra de toque na diferenciação e, obviamente, na resistência e resiliência.…”

Dos processos de erosão e de resistência da alternativa artística na contemporaneidade portuguesa recente

“…Para o exercício aqui proposto releve-se que tivemos como base a análise dos discursos provenientes dasentrevistas realizadas a diferentes agentes e atores, por confrontação com a concetualização da temática de fundo da investigação na perscrutação da verificação de um subcampo artístico alternativo no Portugal contemporâneo. O conceito de representação social, devido à sua potencialidade dialética (Guerra, 2020b), constitui-se como essencial para se efetivar o exercício inerente a toda a investigação de base, enquanto operativo de intermediação entre as dimensões teórica-concetual e empírica (Januário, 2022).…”

“…Assim, necessariamente, perspetivar um subcampo artístico de pendor alternativo, na atualidade, implica, antes de mais, verificar a sua pertinência, através da problematização dos seus limites. Mormente, quando estes se expressam, como fomos desvelando, na erosão da alternativa artística, decorrente, nomeada e especialmente, dos processos (tensionais) de mercantilização, institucionalização e massificação (Januário, 2019(Januário, , 2022, sobre os quais incide o objeto desta reflexão e que procuraremos evidenciar de seguida.…”

“…Não se trata, portanto, de afirmar, de forma indubitável, a alternativa artística, mas antes equacionar o que dela permanece e se atualizou num espaço, relembramos, que não se confunde com o mercado e com as instituições. Procurámos, nesse sentido, proceder a alguns apontamentos que, no nosso entendimento, permitem evidenciar a obliquidade do alternativo na contemporaneidade recente (Januário, 2022).…”

“…Ainda que se esteja, então, perante um fenómeno considerado datado e erodido por força de várias tensões, consideramos plausível defender a existência de um subcampo artísticoespecífico, de pendor alternativo. A noção de pendor fundamenta-se, precisamente, na obliquidade que substantiva, não anulando o epíteto que qualifica (Januário, 2022). Tanto mais que, conforme vimos, algumas das dimensões, dinâmicas e características que,associadas às práticasartísticas alternativas, permanecem, ainda que, decorrente das tensões evidenciadas, adaptadas ou suavizadas.…”