O principal objetivo da teoria da gestão comparativa é prever e explicar a eficiência socioeconômi-ca das organizações que atuam em diferentes países. A partir de contextos nacionais diversos, esse corpo teórico contribui com o desenvolvimento de estudos organizacionais que comparam organizações internacionalizadas quanto aos seus respectivos sistemas de gestão, de produção e de realização de negócios e em relação a organizações instaladas em uma nação de referência. Essa comparação ocorre pela identificação, nos países que amparam essas organizações, das similaridades e das divergências econômicas, culturais, sociais, políticas e institucionais que repercutem nos processos de gestão por elas desempenhados. Por meio desse exercício comparativo, busca-se o aprimoramento gradativo das práticas de internacionalização de empresas (Adler, Doktor, & Redding, 1986;Alton, 1969;Said, 1978).As principais revisões sobre o estado da arte da teoria da gestão comparativa são consensuais em relação ao fato de que sua literatura está impregnada por estudos que apenas relatam informações empíricas e não discutem a implicação teórica desses resultados, o que justifica um desenvolvimento teórico fraco em todos os níveis analíticos. Diversas análises metafóricas sobre esse corpo teórico já foram desenvolvidas, tais como a selva explorada por Schollhammer (1969), o elefante de Roberts (1970), o avestruz de Adler (1983), o dinossauro de Boyacigiller e Adler (1991) e os fósseis buscados por Redding (1994), e todas trouxeram ao meio acadêmico um incômodo pela ausência de maior robustez reflexiva e um interesse de contribuir com uma fundamentação mais densa para a teoria da gestão comparativa.A maioria das pesquisas desenvolvidas a partir da teoria da gestão comparativa representa um exercício analítico pautado por uma lógica colonialista e, por consequência, afiliado a uma epistemologia positivista. Os autores deste ensaio reconhecem a necessidade de superação dos vieses RAE-Revista de Administração de Empresas | FGV-EAESP