As abordagens ecossistêmicas surgem como enfoques alternativos que integram múltiplos aspectos para a compreensão e busca de soluções de problemas de saúde oriundos de precárias condições sociossanitárias. A vulnerabilidade para a leptospirose é marcada por áreas onde há propensão a ocorrer desastres naturais de alagamento associados a precárias condições sociossanitárias. O presente artigo traz a identificação de áreas de risco para leptospirose no município de Itaboraí considerando características ambientais e sociossanitárias relacionadas a produção da doença. A análise espacial foi realizada por meio de sobreposição dos temas de interesse: áreas de maior risco de inundação (28% do território), áreas críticas (0,9% do território e 9,3% da população do município) e casos notificados de leptospirose, através da análise visual. Dos 89 casos de leptospirose notificados, 71% foram localizados dentro das áreas de influência de inundação e 34% em localidades com precárias condições sociossanitárias. Os resultados alcançados com a integração das informações socioambientais do território e análise da distribuição espacial da leptospirose demonstra a ocorrência injusta, desproporcional e evitável de leptospirose naquelas localidades, ressaltando uma situação de iniquidade social em saúde na qual populações com menores condições econômicas são impelidas a ocupar porções do território ambientalmente degradadas e com menor disponibilidade de serviços. Essa se mostra uma promissora abordagem para a área da vigilância.