©Copyright 2008 FGV-EAESP/RAE-eletrônica. Todos os direitos reservados. Permitida a citação parcial, desde que identificada a fonte. Proibida a reprodução total. Em caso de dúvidas, consulte a Redação: raeredacao@fgv.br; 55 (11) 3281-7898.
ARTIGOS -EM
RESUMOO presente artigo se insere em debate recentemente aberto na pesquisa do consumidor, na qual novas questões teóricas e metodológicas têm (re)surgido, levando os pesquisadores desse campo a (re)estabelecerem suas conversações com disciplinas das Ciências Humanas e Sociais, como a Filosofia, a Sociologia e a Antropologia. O objetivo é apresentar e discutir uma proposta para uma pesquisa interpretativa do consumidor baseada em três movimentos -fenomenologia, etnografia e grounded theory -distintos, mas não paralelos, que podem ser conciliados de forma a permitir um estilo de pesquisa mais abrangente. Nesta discussão, procuramos argumentar que associá-los parece ser uma alternativa não só possível, mas também desejável. Desta forma, o trabalho pretende contribuir para o debate sobre a utilização de metodologias complementares que permitam lidar com as ambigüidades, fluidez e contradições da vida real vivenciada pelos consumidores.
PALAVRAS-CHAVE:Pesquisa do consumidor, interpretativismo, fenomenologia, etnografia, grounded theory.
ABSTRACT
This paper forms part of a recently opened debate in consumer research
O INTERPRETATIVISMONas ciências sociais, ao se fazer uma revisão da discussão sobre paradigmas, inevitavelmente se chegará à identificação de duas posições epistemológicas opostas (SANTOS, 2002). Uma dessas posições -a positivista -norteia-se pelo ideal regulativo da física social. Ou seja, parte do pressuposto de que as ciências naturais são uma aplicação ou concretização de um modelo conhecido universalmente válido. Portanto, é sempre possível estudar os fenômenos sociais como fenômenos naturais, por maiores que sejam as diferenças entre eles. A segunda posição, denominada fenomenológica ou interpretacionista defende a idéia de que a ação humana é radicalmente subjetiva.Isto é, o comportamento humano não pode ser descrito e muito menos explicado com base em suas características exteriores e objetiváveis (SANTOS, 2002). Sob essa perspectiva seria necessário lançar mão de métodos de investigação e critérios epistemológicos diferentes daqueles tradicionais utilizados nas ciências naturais, ou seja, métodos de natureza qualitativa ao invés dos quantitativos, a fim de se obter um conhecimento intersubjetivo, descritivo e compreensivo.O interpretativismo teve sua origem no final do século XIX e início do século XX, nas reações A fim de definir algumas das crenças fundamentais do interpretativismo, Hirschman (1986) propõe seis características que considera essenciais para o seu entendimento: (1)
O MOVIMENTO FENOMENOLÓGICOMais do que uma "escola" ou uma tradição filosófica rígida e uniforme, o termo "fenomenologia"parece "abraçar" uma grande diversidade de "correntes de pensamento" que talvez pudessem ser mais adequadamente reunidos em uma espécie de "movimento...