Resumo: Neste artigo, analisamos as experiências e práticas do parto entre mulheres escravizadas, libertas e livres, africanas e descendentes, no contexto da escravidão urbana no Rio de Janeiro na primeira metade do século XIX. Neste período, o papel da parteira era tradicionalmente praticado por mulheres cujas vidas passaram principalmente pela escravidão, e cujos conhecimentos eram forjados e transmitidos através da prática e da oralidade. A partir de documentos da Fisicatura-mor, de anúncios de fuga publicados pela imprensa diária, de teses de conclusão do curso de medicina, de casos clínicos publicados em periódicos médicos e da literatura de viajantes europeus, neste artigo, enfocamos o cenário da assistência ao parto, o perfil das mulheres negras que atuaram como parteiras no Rio de Janeiro ao longo da primeira metade do século XIX, e as experiências do parto para mulheres africanas e descendentes.