“…Entre os fatores que de alguma forma explicam essa tendência de alta no número agregado de homicídios no Brasil, pontuam-se: a) a (re)organização das atividades de grupos criminosos no Brasil, que passaram a também atuar em territórios da região Norte, Nordeste e Centro-Oeste, provocando violência nessas localidades, sem que as forças de segurança dos estados tenham sido capazes de mapear e coibir esse movimento (FREITAS, 2018); b) a ampliação de conflitos por poder entre organizações criminosas, inclusive dentro do sistema penitenciário (BARROS et al, 2017); e c) a ampliação de formas particulares de homicídios, como aqueles motivados por conflitos agrários e ambientais (muito comuns no Norte e no Centro-Oeste), além de casos de feminicídio e transfeminicídio, que aumentaram em níveis consideráveis no período em análise (TAVARES et al, 2016). Contemporaneamente, é possível observar no Brasil a ampliação do apoio popular a tendências significativamente autoritárias e ao uso da força por parte do aparato de segurança do Estado, o que certamente impacta os indicadores de violência (LIMA et al, 2020). De todo modo, merece destaque o fato de que os aspectos citados nos parágrafos anteriores desta seção representam, em nosso entender, explicações plausíveis, ainda que preliminares e incompletas, do comportamento dos indicadores de violência no Brasil registrados de 2003 a 2016.…”