ResumoO presente trabalho visa apresentar e discutir a questão relativa aos locais da infância na cidade, tendo como recorte contextual a realidade de crianças moradoras da periferia. O debate em torno das crianças como potenciais agentes de criação e transformação no campo da Arquitetura e Urbanismo, em especial na área do Planejamento Urbano, pautou-se em revisão teórica e discussão de ação prática realizada com crianças moradoras do bairro Rio Comprido em São José dos Campos -SP, na disciplina eletiva Tópicos Especiais de Habitação em parceria com o Projeto "Cartografias sociais e metodologias participativas: por uma análise técnica e comunitária", que tem atuado junto à comunidade do Rio Comprido desde 2018 1 . Objetiva-se propor o pensamento crítico acerca da formação e estruturação urbana contemporânea, bem como contribuir com novas formas de se pensar e habitar as cidades.Palavras-chave: Espaço público. Infância. Desigualdade social. Planejamento Urbano. Área do Conhecimento: Ciências Sociais Aplicadas -Arquitetura e Urbanismo.
IntroduçãoA discussão acerca da inclusão de pautas referentes à infância dentro do Planejamento Urbano é recente frente a história do urbanismo, tendo sido considerada a questão das crianças na cidade apenas a partir do final do século XIX e começo do século XX (SILVA, 2016. TERRA DO NASCIMENTO; BRANCHER; FORTES DE OLIVEIRA, 2008). Essa questão, constante aos desdobramentos do urbanismo, na prática atual aparece relegada apenas à designação dos espaços que a criança irá ocupar; lugares, esses, físicos ou virtuais, muitas vezes dissociados da cidade em que estão inseridos.Conforme apontado pela Fundação Abrinq, em sua publicação "Cenário da Infância e Adolescência no Brasil" (2023), em 2022 cerca de 82% dos jovens de 0-19 anos viviam em situação urbana e, dos jovens de 0-14 anos, 50,8% viviam em situação de pobreza (figuras 1 e 2). O mesmo dado foi reforçado por estudo publicado pela UNICEF, "As Múltiplas Dimensões da Pobreza na Infância e na Adolescência no Brasil: Estudo sobre as privações de direitos que afetam crianças e adolescentes no País" (2023), 1 O debate, reflexões e experiências aqui relatadas associam-se inicialmente ao corpus de análise do projeto de extensão pesquisa-ação "Cartografias sociais e metodologias participativas: Por uma análise técnica e comunitária", coordenado pelos pesquisadores do Nepacs -Núcleo de pesquisa-ação e cartografias sociais/Univap (2018 -em andamento). Nota: As atividades de campo relatadas tiveram o respaldo da orientação metodológica do projeto acima referido. Parte das análise e proposições foram elaboradas no âmbito da interconexão do projeto de extensão com o espaço de uma disciplina eletiva e de um Trabalho de Final de Graduação do curso de Arquitetura e Urbanismo da Univap, em desenvolvimento pela autora Renata Lisboa Faria, sob a orientação da Profª Fabiana Felix do Amaral e Silva, também autora do artigo. As demais autoras, Karina e Letícia, participaram como alunas e Marina Cyrino Forti participou como estagiária docente na discipli...