ii © Joana Gomes, 2014 iii iv
ResumoDanos nas fibras nervosas periféricas resultam em perda axonal e desmielinização, seguidos de regeneração e remielinização sob condições ideais com a possibilidade de alguma recuperação funcional. Estudos recentes indicam que a diferença na regeneração axonal entre o sistema nervoso periférico (PNS) e o sistema nervoso central (CNS) resulta da presença de fatores permissivos presentes no PNS e fatores inibitórios ativos presentes no CNS.Pacientes com lesões no nervo periférico estão muitas vezes no auge da sua atividade laboral, o que faz da regeneração do nervo periférico um foco principal de pesquisa. Assim, o desafio experimental consiste em acelerar a regeneração axonal para promover a reinervação e melhorar a recuperação funcional após uma lesão no nervo periférico. Algumas das abordagens experimentais para melhorar a recuperação funcional incluem a aplicação focal de fatores neurotróficos, o bloqueio de moléculas inibidoras da regeneração axonal e o transplante de células.Depois de ocorrer uma lesão quer de axonotmese quer de neurotmese, os axónios periféricos têm a capacidade de se regenerar e de se ligar novamente aos seus alvos, sendo que no primeiro caso não há necessidade de reconstrução cirúrgica uma vez que o endoneuro, perineuro e epineuro são mantidos. No entanto, o estado funcional resultante pode não ser o melhor uma vez que a regeneração é demorada e conduz à atrofia neurogénica dos músculos regionais. Na prática clínica, a reparação cirúrgica ideal em situações de neurotmese (seccionamento total do nervo) considera-se ser a sutura topo-a-topo, de modo a aproximar o topo distal do topo proximal, sem haver tensão no local da sutura. Alternativamente, nervos autólogos são o gold standard deste tipo de procedimentos sempre que ocorre perda de substância e não seja possível executar uma sutura topo-a-topo sem tensão. No entanto, o uso de autoenxertos está limitado pelos inconvenientes inerentes uma vez que requer uma segunda cirurgia, com sacrifício de um nervo funcional, o que resulta em perda sensorial e morbidade do local de doação, entre outros.Nas últimas décadas, os diferentes tipos de enxertos artificiais ou biológicos foram desenvolvidos e investigados para que pudesse ser estabelecida uma relação entre eles e os enxertos de nervos autólogos em termos dos resultados da regeneração do nervo e da v recuperação funcional. Estes tubos-guia são projetados para preencher a lacuna existente num nervo seccionado quando existe um gap, para limitar a fibrose e orientar as fibras em regeneração na direção do topo distal. O enxerto de nervo artificial é um canal tubular feito de materiais sintéticos ou biodegradáveis e que pode orientar a regeneração do axónio sem inibir o crescimento e maturação. O canal tubular pode ser implantado vazio ou preenchido com fatores de crescimento, células ou fibras. Devido à sua capacidade de renovação, multiplicação e diferenciação, as células estaminais mesenquimatosas (MSCs) têm sido usadas para suplementar os tubos-guia, sendo ...