Resumo Nas últimas décadas, a região Amazônica apresenta os maiores níveis de urbanização no Brasil. A cidade de Santarém-PA destaca-se devido ao intenso crescimento demográfico associado a um forte processo de recolocação da cidade dentro do cenário global, estabelecendo novas e imponentes lógicas de desenvolvimento, focadas na circulação de bens e desconexas das demandas das pessoas. Nós apresentamos uma discussão sobre o processo recente de urbanização na Amazônia, a partir da bacia do Igarapé “Bela Vista”, localizada na zona de maior expansão urbana da cidade. Para isso, foram realizadas pesquisas bibliográficas e documentais, análises espaciais baseadas em geoprocessamento e sensoriamento remoto, bem como trabalhos de campo e diálogos com habitantes e lideranças locais. Os elementos que constituem a bacia, como as ocupações espontâneas, os projetos de habitação popular e as paisagens naturais, são partes ilustrativas do mosaico que constitui a cidade amazônica. Os processos identificados − da marginalização à capitalização dos espaços públicos − também se aplicam ao contexto amazônico em maior escala. Por fim, nós discutimos conflitos entre visões coletivas e privativas de transformação do espaço, apontando o modo comunal do “ocupar amazônico” como uma estratégia de resistência, mesmo diante da eficiência dos processos de capitalização.